Como eles foram no primeiro turno

Inter – 1º turno nota 9
Não há necessidade de relembrar o quanto a Inter é onipotente nesta temporada. Com o melhor elenco, sem achaques psicológicos e uma largada com vantagem folgada sobre o Milan, o campeonato revelou-se mais fácil do que já parecia. A vantagem inicial esmagadora não zera os méritos de Roberto Mancini e companhia: o técnico conseguiu tirar o melhor de Ibrahimovic, Vieira, Crespo e Dacourt, além de gerenciar sem muito dano a situação de um Adriano que queria ser vendido por pressão do empresário. Só um desastre tira a Inter da rota do título, embora no âmbito continental, não haja sinais de que a primazia possa se repetir.

Roma: nota 7,5
Como a Inter, não tem nada a reclamar, embora também não possa saltar de alegria. Sete pontos de desvantagem em relação a um time mais forte não são um bom augúrio em relação à luta pelo título, mas sem a Juventus e com o Milan partindo da rabeira, o vice-campeonato vale uma vaga na Liga dos Campeões e assim, já dá para celebrar. A Roma tem um time titular forte, mas não tem banco e depende demais de Totti. Neste primeiro turno, a única contratação que garantiu espaço foi o chileno Pizarro, o que não denota um fracasso, mas uma certa rigidez do elenco em agregar novos nomes. Precisa achar um outro atacante para fazer sombra para Totti e dar oportunidade a Spaletti de poder recuar o capitão se for preciso.

Palermo: nota 7
O início arrasador e a desaceleração não surpreenderam ninguém, mas foram capazes de fazer o presidente do clube desestabilizar todo o ambiente ao fazer ameaças a jogadores e ao treinador. Os bons destaques individuais, como Bresciano, Barzagli, Zaccardo e Corini foram ofuscados pelo brasileiro Amauri, que certamente foi o melhor atacante do torneio até sofrer a lesão que o tira do campeonato por mais alguns meses. Sem Amauri, o técnico Guidolin precisa tirar um coelho da cartola e fazer isso com a espada na garganta não é fácil Tanto pior para o clube que apesar da boa colocação, tem um horizonte nublado à sua frente.

Catania: nota 9,5
De longe a maior surpresa do campeonato. Mesmo que comece a cair na tabela daqui até o final da Série A, o Catania já pode estourar a champanhe. Somente quatro dos 28 jogadores do elenco não entraram em campo, mostrando que mesmo sem craques, o time tem recursos para manter o pique. Levando-se em conta a pontuação necessária para escapar do rebaixamento nos últimos cinco anos (37 pontos, em média), o Catania só tem de fazer mais 11 pontos em 19 partidas. Com 95% de chances, o clube já pode celebrar esta temporada.

Lazio: nota 7,5
Mesmo saindo com uma punição de três pontos, a Lazio teve um excelente primeiro turno neste campeonato atípico. Um time “operário”, como gosta-se de dizer, a equipe romana tem quatro jogadores entre seus artilheiros (Rocchi, Mauri, Pandev e Oddo, todos com cinco ou seis gols). As perspectivas são menos brilhantes com a quase-certa saída de Oddo, destino Milan. O lateral é o condutor e capitão do time. Não deve haver uma queda abrupta de rendimento, mas a probabilidade é que se sinta o golpe. Entre os pontos positivos neste primeiro turno estão a “invenção” do ala Mauri como meia-armador e adaptação de Ledesma no meio-campo. Retrospecto bem favorável

Sampdoria: nota 6,5
A Samp terminou o ano com um sorriso meio frustrado. Se teve coisas boas como a revelação Quagliarella (artilheiro do time com nove gols) e a boa metade de campeonato dos meio-campistas Delvecchio e Palumbo, também pode se lamentar das sete derrotas e de um saldo de somente dois gols a favor. A verdade é que o clima entre a torcida e o treinador Walter Novellino não é mais idilíaco e ele pode estar fazendo sua última temporada no clube.

Udinese: nota 6
Um sétimo lugar não estaria mal para a Udinese, se comparada com a sua média histórica. O artilheiro italiano Iaquinta marcou oito vezes, mas teve de lidar com um time muito irregular. Jogadores muito promissores como o colombiano Zapata e o já estabelecido Felipe passaram por céu e inferno e nem o estável De Sanctis passou ileso. Por outro lado, o time se recuperou na segunda metade do primeiro turno e tende a melhorar – caso não perca nenhum jogador relevante.

Empoli: nota 7
Num dado momento desta primeira etapa, o Empoli chegou até mesmo a se desenhar como a surpresa do torneio, com um time excelente em todos os setores e destaques individuais notórios como o volante Almirón (cobiçado por metade da Série A), o meia Vannucchi e até o veteraníssimo goleiro Balli. Os holofotes alertaram a concorrência, mas nem por isso o oitavo lugar fica ruim. O alerta é para a possibilidade de muitas cessões neste mês de janeiro.

Livorno: nota 6,5
Mesmo com o pouco tempo de Série A desde sua promoção (somente o terceiro ano), o Livorno poderia ter feito mais numa temporada com vários grandes punidos. O time ainda é Lucarelli e mais dez, embora o volante Vigiani e o ala Pfertzel tenham tido bons momentos. A defesa, que levou 24 gols não se consolidou em nenhum momento e o próprio Lucarelli ainda não repetiu as temporadas anteriores.

Torino: nota 6,5
O começo da temporada do Torino seria considerado nota meio, tal foi o abismo no qual o time se meteu. Contudo, as últimas rodadas do primeiro turno viram um ‘Toro’ com uma derrota em oito jogos e uma recuperação plena da confiança do técnico Alberto Zaccheroni. O meia Rosina passou até a ser chamado (com um certo exagero, digamos) de “Rosinaldo”, tal foi a sua evolução. O grupo, no entanto, ainda tem suas diferenças internas e isso pode causar problemas para uma jornada tranqüila rumo à zona segura da tabela.

Atalanta: nota 6
A 11ª colocação está de bom tamanho para uma Atalanta que não teve uma safra tão prolífica nas divisões de base nem pôde contratar com mais folga. Os atacantes Ventola e Zampagna seguem como destaque na espera de um Vieri que não se sabe mais se voltará a jogar profissionalmente ou não. Em Bérgamo, os italianos continuam a ser os nomes mais interessantes e os estrangeiros ficam em segundo plano. Tissone, Talamonti, Abeijón, Conteh e Cissé que o digam.

Milan: nota 4,5
O “meio” na nota milanista só vem por conta de um esboço de reação na reta final, com a última derrota sendo no começo de novembro, para a Roma. Quinze contusões e o cancelamento da preparação física de verão (que está sendo feita agora em Malta) uma punição de oito pontos e uma espécie de “fosso moral” por causa do escândalo Moggi devastaram a capacidade do Milan nesta primeira etapa. Tudo indica para um segundo turno de recuperação, mas o time tem de se reforçar caso almeje a vaga na Liga dos Campeões, em todos os setores – inclusive o gol, onde Dida está no estaleiro até fevereiro.

Siena: nota 5,5
O maior pecado de times como o Siena foi o de não ter aproveitado para tirar mais pontos de equipes com menos cancha como Catania e Messina, por exemplo. Com uma deficiência séria no ataque (Frick, com seis gols e Bogdani, com dois, foram os únicos avantes que marcaram) o Siena até que tem uma defesa razoável (a quinta melhor do campeonato), onde um Manninger tem feito milagres embaixo das traves. O problema é que a zona de rebaixamento ainda está próxima (somente oito pontos) e não há mais um Luciano Moggi para fornecer empréstimos “camaradas”.

Fiorentina: nota 5,5
O elenco que tem o clube de Florença certamente o colocaria como zebra na luta pelo título, não fosse a punição de 15 pontos dada no começo do campeonato. Só Inter, Roma e Palermo marcaram mais do que a Fiorentina – mesmo com uma largada ruim. À parte o fato de que o clube deveria estar na segunda divisão (junto com a Lazio, e talvez, o Milan), o clube viola não pode se queixar muito. O risco de rebaixamento parece afastado e até uma luta pela Liga dos Campeões não é impossível. No campo, firme é o ressurgimento de Mutu, novamente nas mãos do ‘professor’ Prandelli.

Cagliari: nota 4,5
Ao lado do Milan e Chievo, uma das decepções do torneio. Embora não tenha a profundidade do time lombardo, o Cagliari tem um elenco de quem se esperava uma possível classificação para a Europa. Ao invés disso, o que se viu – especialmente depois da demissão do bom técnico Marco Giampaolo – foi um clube que só empata (dez vezes em 18 partidas) e cuja ineficiência ofensiva pesa muito. Suazo, sensação do campeonato passado, só marcou quatro vezes em 17 jogos e apenas o atacante Espósito conseguiu atuar em todos os jogos. Diante da determinação de Parma e Reggina, o Cagliari tem de se cuidar para não acabar no lodo rebaixatório.

Messina: nota 5
A 16ª colocação é uma posição mais ou menos adequada para o porte do Messina. Contudo, num campeonato tão equilibrado (por baixo), o clube enfrenta o risco de precisar pontuar em momentos onde a briga para fugir da rabeira seja mais acirrada. Melhorar a defesa é palavra de ordem em Messina, onde nenhum dos jogadores encontrou uma posição de destaque – nem mesmo Parisi, que chegou a ser chamado para a ‘Azzurra’. Não fosse Riganó, com nove gols, e o rebaixamento seria quase matemático.

Chievo: nota 4
O time veneto pode se lamentar bastante de um primeiro turno sofrível, mas mostra sinais claros de recuperação. Ao contratar Luigi Del Neri, o clube apostou no longo prazo e para atingir os mecanismos que faziam o futebol fluido de seu Chievo anterior, leva-se tempo. Hoje, o time alterna momentos de bom e mau futebol, só que o segundo turno precisa ser nada menos que perfeito. É possível? Sim, mas…

Reggina: nota 6,5
“Na zona do rebaixamento e nota 6,5?”. Pois é, mas é merecido. Se não tivesse tido a punição de 11 pontos, a Reggina estaria disputando a sexta colocação com a Sampdoria. Mesmo assim, com a faca na garganta, o clube calabrês dá todas as mostras de que pode escapar da degola, mesmo não tendo tido reforços de peso. O time tem jogado com a raça de um leão em seu estádio e a torcida – considerada a mais ativa e comportada da Itália – tem dado sua contribuição. Bianchi, dispensado pelo Cagliari, já anotou nove gols e o armador hondurenho Leon é provavelmente o grande destaque da competição até aqui

Parma: nota 5,5
É verdade, escapar da navalha está difícil, mas essa aposta – forçada – já foi feita pela diretoria que escolheu montar um time quase só com jovens. Nomes como Dessena, Paponi, Pisanu, Dedic, Gasbarroni, Ferronetti e Contini atraem a atenção de clubes de todo o país. Mas (sempre tem um mas!) a falta de experiência não deixa por menos e o time só venceu duas das 18 partidas. Para evitar o pior, precisa de dois ou três jogadores de experiência imediatamente. Senão, mesmo essa safra vai rodar. O clube está à venda e nunca precisou tanto de um dono rico como agora.

Ascoli: nota 4
Estando na rabeira da tabela, nenhum atenuante diminui a frustração do time marchegiano. Tirando o atacante Bjelanovic (sete gols), o Ascoli só encaçapou outras seis vezes (e uma foi gol contra do adversário). Basicamente falta tudo no elenco e não há dinheiro em caixa. A única vitória do time veio na última partida do primeiro turno, o que poderia servir como alento, mas mesmo em Ascoli é difícil achar esperançosos.

– Capítulo reforços: o Milan já dá como certa a contratação de Oddo, da Lazio, mas o clube romano nega.

– Além disso, o time de Kaká ainda quer mais um goleiro, um meio-campista e um atacante.

– Roberto Mancini declarou que gostaria de ter Cassano na Inter.

– Assim, o time passaria a ter somente mil jogadores.

– Juventus: Grygera (Ajax – HOL) e Sissoko (Liverpool – ING) são objetivos confirmados pelo clube, já com vistas à Série A.

– Sulley Muntari deve deixar a Udinese, assim como Iaquinta.

– O clube já deixou claro que os dois são negociáveis

– E na Samp, Quagliarella também parece de saída.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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