Finalmente, Itália

Não seria exagero dizer que a Ítália foi a uma Copa confiante em seu time foi quando jogou em casa, em 1990, e mais por que jogava em casa do que por ter um time assim fantástico – ainda que tivesse um Baggio se firmando como estrela de grande calibre.

De lá para cá, a “Nazionale” sempre foi vista com desconfiança, críticas, ironia e desprezo, quando não essas quatro coisas juntas. Arrigo Sacchi (1994), Cesare Maldini (1998) e Giovanni Trapattoni (2002) jamais foram vistos pela mídia isenta da Itália como comandantes capazes de criar um time que pudesse estar entre os maiores do mundo. Sempre havia um ufanismo exagerado antes, e uma crítica devastadora depois.

Após o fiasco na Euro 2004, a nomeação de Marcello Lippi como o treinador responsável pela Itália na Copa de 2006 (pelo menos) soa como a primeira chance da Itália poder vencer uma competição importante desde 1982. É verdade que Arrigo Sacchi chegou à seleção cercado das mesmas expectativas, depois de ter criado o “SuperMilan” dos holandeses. Mas Sacchi era odiado mortalmente por parte da crítica, porque tinha enterrado o dogma do “catenaccio”.

Marcello Lippi não. Lippi é respeitado por todos os setores: jornalistas, técnicos, dirigentes, jogadores. E existem razões para isso. Venceu tudo o que podia com a Juventus, moldou jogadores, atuou com diversos esquemas táticos, e provou mais de uma vez que tem recursos além do “vamos lá, pessoal”, ou das entrevistas vazias sobre “marcação forte”, “criatividade no meio de campo”, ou outras asneiras.

Em suas primeiras entrevistas como técnico, Lippi evitou ficar fazendo promessas, mas não negou (nem seria lógico) que sua missão de vencer a próxima Copa do Mundo. Uma coisa ele já disse abertamente. A “Azzurra” vai rejuvenescer. Só não se sabe exatamente quais serão os astros que perderão seus lugares.

Esquemas? Vários, mas defesa com 4

Marcello Lippi não citou nomes. Só que já deu certeza que, salvo aconteça alguma coisa extraordinária, jogará com uma linha de quatro defensores, e deixou escapar que o lateral-esquerdo continuará sendo Zambrotta. Não é “chutologia” imaginar que Lippi ainda vê Buffon como o goleiro e Cannavaro-Nesta como a dupla de zagueiros centrais. Assim, o único lugar que começa em dúvida, aparentemente, é na lateral-direita, onde o favorito é Daniele Bonera, do Parma e da Seleção Olímpica.

No meio-campo, Lippi já disse que pode jogar com quatro em linha (4-4-2), três em linha, mais Totti (4-3-1-2), ou três em linha mais Totti e Cassano (4-3-2-1). Mesmo com essa gama de variações possíveis, aparentemente, Lippi já parte usando dois jogadores que eram reservas com Trapattoni: Pirlo e Gattuso, do Milan.

Lippi sabe que Gattuso é o jogador que lhe dá maior segurança à defesa, e que não há regista melhor do que Pirlo na Itália, e talvez na Europa. Depsndendo do esquema, os dois podem ser levemente deslocados, mas quase que certamente, estarão nos planos iniciais de Lippi.

O ataque tem somente duas certezas: Totti e Cassano, com este último podendo ser usado no meio-campo, e Totti como “trequartista”, atrás dos atacantes. O preparo físico e a atual fase vão definir como serão usados. A grande dúvida é: qual o futuro de medalhões como Vieri, Del Piero e Filippo Inzaghi?

A resposta é desconhecida. Só que como nenhum deles é mais juvenil, só vai continuar na seleção se mantiver médias espetaculares. Del Piero leva uma ligeira vantagem por ter trabalhado com Lippi por tanto tempo, mas sofre com o fato de não jogar bem uma longa sequencia de partidas há tempos. Inzaghi e Vieri estão mais ameaçados. Sem gols aos cântaros, assistirão a Copa pela TV.

Napoli: é o fim?

A Federação já anunciou: a Societá Sportiva Calcio Napoli está falida. Sem crédito suficiente para poder honrar seus débitos, a comissão responsável pela sanidade financeira dos clubes recusou as propostas dos dirigentes e deu o veredito. Para desespero da quarta maior torcida da Itália.

O Tribunal que deveria dar um parecer sobre a proposta do dono do Perugia, Luciano Gaucci, disse que o cartola não conseguiu reunir condições de ter sua poropsta aceita, assegurando os interesses dos credores. Ou seja: nada feito. Para a torcida, não deixa de ser uma boa notícia, porque Gaucci é incrivelmente oportunista, e não dá a mínima para o clube.

O que deve acontecer: são várias as possibilidades. Se niinguém fizer nada (como uma outra proposta de um empresário idôneo, por exemplo), o Napoli recomeçaria seu trajeto de uma divisão amadora, perdendo todos os jogadores que tem em seu elenco atualmente.

No caso de um dos pretendentes conseguir uma soma de € 7 milhões, o Napoli se salva, mas cai para a C1, a terceira divisão italiana. Já seria melhor do que despencar para as divisões amadoras.

Como largam os grandes

É “futebol de verão”, como se diz na Itália, mas mesmo quando os times estão treinando contra amadores, fazendo coletivos, ou torneios caça-niqueis em Nova Iorque ou na Ásia, a imprensa italiana cobre tudo com grande atenção, ainda que sabendo que os resultados de agosto tem influência mínima sobre os do fim do torneio.

O campeão Milan deu sinais animadores para a temporada. Shevchenko parece revigorado, Crespo mostrou que pode se entender muito bem com ele, e a defesa de Cafu-Stam-Nesta-Maldini não teve nenhuma prova de que não vá ser a muralha impenetrável que se imaginava.

A grande preocupação do Milan é com Filippo Inzaghi, que segue fazendo exames e visitando os maiores especialistas do mundo, mas não descobre o que causa problema no seu tornozelo. Inzaghi deve ficar mais uma semana em repouso e duas em terapia. Daí saberá se será ou não operado.

A vice-campeã Roma apresenta os problemas que eram esperados. A saída de dois dos três principais jogadores (Samuel e Emerson), além do técnico Capello, obriga o novo técnico, Cesare Prandelli, a praticamente remontar o time. Para encrencar ainda mais as coisas, o capitão Totti lesionou o menisco, será operado, e fica sem treinar por pelo menos um mês. E no ataque, Prandelli não sabe se terá ou não seu ex-pupilo do Parma, Gilardino.

A Inter, que para variar, contratou um time novo, também estreou animadoramente, com Davids e Stankovic comandando um meio-campo todo novo, e uma quantidade tão grande de jogadores que a presença de Vieri, Recoba e Cannavaro pode estar ameaçada. Só aí já dá para ver que a Inter peca pelo excesso.

Por fim, a Juventus de Capello começou vacilante. Mas isso também era de se esperar. Perdeu para Inter e Milan no torneio TIM, um triangular amistoso jogado numa tarde. O time todo ainda está cambaleando, mas era de se esperar, com trocas de jogadores, técnico, desfalques e preparação física precária. Mas prestemos atenção. Resultados à parte, é só futebol de verão…

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Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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