Suspense Inzaghi

Primeiro, foi a decepção por não jogar a maior parte do campeonato em que o Milan conquistou seu ‘scudetto’ de número 17; segundo, uma operação feita às pressas para tentar voltar a tempo de ir à Euro 2004; terceiro, a não convocação para a própria Euro. Mas é possível que Filippo Inzaghi ainda esteja longe de poder voltar a sorrir.

Inzaghi viajou nesta semana com uma comitiva médica do Milan para os Estados Unidos, depois de visitar uma clínica especializada em Amsterdam. Tudo envolto em muito mistério. E de toda essa neblina, os boatos começaram a sair em velocidade máxima. Fala-se desde uma parada de mais dois meses do centroavante, até outros, catastrofistas, que falam num problema similar ao que tirou Marco Van Basten do futebol.

O Milan nega em peso que seja algo gravíssimo. Mas de qualquer forma, é fato que Pippo Inzaghi tem uma lesão que não é simples. Não deve ser à toa que o Milan foi buscar Hernán Crespo. A hipótese mais plausível é a de que a pressa com que o processo foi conduzido, visando deixar Inzaghi bom para a Euro, teve relevância no problema mal-resolvido.

Não se sabe ao certo, mas parece que Pippo teve duas lesões ao mesmo tempo. Uma delas, ligamentar, foi resolvida com a cirurgia feita meses atrás; mas dois corpos móveis estariam atrapalhando o funcionamento do tornozelo do atacante. O problema é que o Milan não fala nada sobre o problema, e deixa espaço para as especulações.

Mesmo com boas opções no ataque, o técnico Carlo Ancelotti não quer nem pensar na hipótese de não ter Inzaghi novamente por toda a temporada. Pippo é um dos favoritos da torcida milanista e seu aproveitamento é espetacular, ainda que ele não seja um grande craque, tecnicamente falando. Enquanto o corpo médico do Milan não apresentar um diagnóstico preciso, a torcida do campeão italiano vai seguir roendo as unhas. Com muita razão.

Napoli: é Série C

Até a publicação desta coluna, era praticamente oficial. O Napoli está rebaixado para a Série C1, junto com o Ancona, por não conseguir reunir as condições financeiras necessárias para garantir sua inscrição no campoenato da Série B da Itália. Ou seja: a quarta maior torcida da Itália deve ver seu time na terceira divisão, isso se não acontecer nada pior. Se Napoli e Ancona forem mesmo reprovados, Bari e Pescara podem pedir para subir à Série B, desde que tenham crédito suficiente na praça para honrar seus compromissos.

A odisséia napolitana é uma tragédia anunciada. Desde a saída de Maradona, o clube vem se desintegrando com gestões desastrosas, contratações erradas, e gerência estúpida. Ótimos técnicos e jogadores passaram pelo San Paolo na última década, mas o clube jamais tirou proveito disso.

Agora, com um oceano de dívidas, amarrado à uma grande salada onde se envolvem Máfia, torcidas organizadas, e diretoria dividida, o clube está amarrado e nenhum empresário quer assumir a bomba. O último deles, Salvatore Naldi, enterrou seu patrimônio no ralo napolitano. Para piorar, escãndalos com apostas e lavagem de dinheiro foram levantados pela polícia, com a Máfia por trás. Se manter na terceira divisão já será bom negócio para o Napoli, desde que consiga iniciar uma mega-reestruturação.

Emerson pressiona rumo à Juventus

A Roma, cheia de débitos, sorriu aliviada quando o Real Madrid bateu à porta de Trigoria com € 18 milhões. O clube ‘blanco’ queria levar o meio-campista Emerson, embrulhado para presente. O negócio estava fechado quando o brasileiro se virou e disse: “Não quero”.

A Roma berrou, esperneou chiou e gritou, mas Emerson quer mesmo é seguir Fabio Capello para a Juventus. Mais chiadeira da Roma, que exigia € 18 mi, mais o passe de Manuele Blasi (curiosamente, formado nas categorias de base da Roma) para liberar o “grosso” Emerson.

Bate de cá, empurra de lá, grita daqui, e a Juventus parece estar conseguindo levar a coisa para onde deseja. O preço de Emerson já caiu para € 14 mi, sem Blasi. A Roma sabe que vai ter de ceder mais cedo ou mais tarde, até para poder comprar reforços e agradar o capitão Totti. O duro é ter de negociar com a Juventus.

O brasileiro é um tripé fundamental no meio-campo imaginado por Fabio Capello para a Juventus. Além de Emerson, é dada como certa a chegada de mais um atacante, depois da saída de Marco Di Vaio. Ideal? Gilardino, mas seu preço alto (€ 18 milhões), ainda não agrada à direção juventina. E aí, há a concorrência da Roma. A mesma que briga para não vender Emerson

Curtas

O Lecce comandado por Zdenek Zeman é uma das incógnitas da temporada

Zeman vai armar, como sempre, um time com três atacantes, deixando sempre espaço para o contra-ataque

Atenção: o trio ofenssivo do time pugliese (provavelmente com Bojinov, Konan e Pellé tem tudo para dar show

Jornais portugueses ligam Rui Costa ao Manchester United; o clube inglês, para variar, nega.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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