As férias para os grandes

O ano acabou para o campeonato italiano. Um ano de muita competição (Roma e Milan pelo título passado; Milan e Juve pelo em andamento), apreensão (as situações de Parma e Lazio), mudanças surpreendentes (como Fabio Capello na Juventus). A pausa de inverno na Itália, que ficou um pouco maior a partir dos últimos anos, pega os clubes em situações diferentes. Vamos ver como cada uma das grandes italianas chega à “sosta natalizia”, e como têm de resolver seus problemas.

Juventus: pausa em boa hora

Não, a Juventus não está em crise, nem acabou, nem nada. Mas apesar da liderança, o time de Fabio Capello respirou aliviado com as semanas extras que terão para repor o fôlego. Explica-se: o elenco juventino está em atividade desde o final de junho, preparando-se para a fase eliminatória da Liga dos Campeões. E nas últimas semanas, a performance juventina caiu vistosamente.

Quem caiu mais nitidamente foi a defesa. Ok, a retaguarda juventina ainda é a melhor do torneio, com somente 7 gols tomados em 16 jogos, mas devemos levar em conta que até a décima rodada, eram somente três os gols sofridos; nas seis partidas seguintes, Buffon, Zebina, Thuram, Cannavaro e Zambrotta assimilaram mais quatro tentos. Uma média ainda excelente, mas em queda.

Para reverter a tendência, a Juventus tem de fazer com que o quarteto defensivo volte a estar na ponta dos cascos, assim como Emerson, jogador odiado no Brasil, mas vital para a defesa ‘bianconera’. Capello sabe que quem define o campeonato é o rendimento defensivo. Como o ataque da Juve é obviamente bom, o retorno à forma do início da temporada é determinante. Inclusive porque a Juventus pega o Real Madrid na LC.

Milan termina o ano como o melhor

O empate contra a Juventus, mesmo sendo em Turim, foi um resultado que desagradou os milanistas. Os “rossoneri” dominaram amplamente o jogo, sob todos os aspectos, e só não chegaram ao gol graças a um Cannavaro espetacular, e de um bom rendimento de toda a defesa.

Ainda que derrame lágrimas por não ter diminuído a um ponto a vantagem da líder Juve, o Milan pode olhar para o seu fim de ano com muitas razões para estar esperançoso; quatro pontos são uma diferença absolutamente viável para se tirar em 22 rodadas. E o Milan acertou a defesa (somente dois gols pior que a juventina), fez despertar Crespo, deu uma injeção no ego de Shevchenko (e no merchandising do clube) com a Bola de Ouro dada ao ucraniano, mais, uma forma física em pleno crescimento.

Problemas? Se fosse obrigatório apontar um problema seria…a Juventus. Não há adversário pior que a Juventus numa corrida a dois, especialmente se comandada por Capello. Também não foi exatamente uma moleza pegar o Manchester United na Liga dos Campeões, mas essa é uma competição em que não dá para escolher adversário. No elenco, as contusões de Tomasson e Kaladze (talvez o melhor milanista em Turim) são os pontos baixos de final de ano.

2005 promete um belo ‘boost’ no rendimento milanista se, finalmente, o departamento médico do clube conseguir colocar Stam e Filippo Inzaghi em campo, em perfeitas condições. Com as entradas dos dois jogadores, o poder do Milan cresce no ataque e na defesa – setores que já não estão indo nada mal. E Ancelotti parece ter descoberto no francês Dhorasoo, uma opção valiosa no meio-campo. Sim, o Milan ainda é candidato a tudo, embora, abertamente, priorize a Liga dos Campeões.

Inter e uma velha inimiga: a irregularidade

Se Roberto Mancini, técnico interista, fosse escolher um ponto do início de temporada para manter em 2005, não teria dúvidas: a invencibilidade. Juntamente com o rendimento assombroso de Adriano, o fato de não ter perdido nenhuma partida foi a única coisa que a Inter teve de realmente positivo.

No mais, a Inter é um canteiro de obras. A defesa é flácida e desencontrada, o meio-campo alterna momentos fantásticos com instantes de pura mediocridade, e o ataque é, ainda, dependente de Adriano para balanças as redes inimigas. Título? Nem pensar. A Inter tem de apostar na Liga dos Campeões, porque tem pelo menos dois meses para encontrar seu futebol até voltar a campo, contra os atuais campeões do Porto – uma parada nada simples.

O clube de Appiano Gentile certamente vai contratar na pausa de janeiro, e quase com certeza, um zagueiro (senão dois), para poder compensar a burrice que foi a dispensa de Cannavaro. No meio-campo, há gente de sobra para montar uma boa linha (Verón, Emre, Davids e Stankovic, entre outras). No ataque? Bem, mesmo que Adriano dê uma descansada, Vieri parece estar acertando o pé, e isso já é suficiente (sem falar em Recoba, reserva de luxo.

Luca Marchegiani, goleiro do Chievo, completou 400 partidas na Série A

Cristiano Zanetti e Marco Materazzi completaram 100 partidas pela Inter

A Udinese desta temporada segue ritmo de fazer uma campanha que seja a melhor de sua história

2004 termina com o Milan como o time que mais fez pontos (87), seguido pela Juventus, com 78

Esta é a seleção Trivela da 16a rodada do Italiano

Amelia (Livorno); Panucci (Roma), Cannavaro (Juventus), Nesta (Milan) e Grosso (Perugia); Pizarro (Udinese), Emerson (Juventus), Seedorf (Milan) e Tonetto (Sampdoria); Totti (Roma) e Cassano (Roma)

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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