Dez anos depois, Felipão volta à Seleção Brasileira. Foi um avanço em relação a Mano Menezes – até porque muitos outros nomes seriam – mas certamente não é garantia de tranquilidade. Felipão não consegue realizar um bom trabalho desde que saiu de Portugal e, tanto Chelsea quanto Palmeiras tiveram na sua insistência no mesmo grupo de colaboradores o seu maior inimigo. Scolari sabe que lealdade é decisiva num mundo onde os ratos campeiam (tanto no gramado como atrás dos microfones), mas seu grupo de assistentes, que há uma década foi eficiente, hoje não é o que existe de melhor. Além de ter de rever velhas escolhas baseadas na amizade, Scolari, que é indiscutivelmente experiente e disciplinador o suficiente para o cargo, agora precisará conseguir mais que resultados imediatos – precisará conquistar o apoio popular. A Copa será aqui e uma Seleção sem o apoio do torcedor não poderá embarcar num confortável vôo para a Ásia para escapar da pressão. O gaúcho já enfrentou muita pressão, mas nem em seus sonhos mais delirantes pode ter imaginado a pressão que enfrentará agora – a da obrigatoriedade de tirar do Brasil um trauma de 64 anos e que a maioria das pessoas nem sabe que tem. Scolari, boa sorte. Todos nós vamos precisar muito. Ainda que a CBF seja ocupada pelo mesmo tipo de insetos de sempre, ao menos Andrés Sanches agora terá de viver de favores de seus colegas do governo (ao que tudo indica, nós paulistanos teremos um secretário de esportes que não só não sabe chutar uma bola como não consegue falar português direito). Mas, afinal, se sustentamos tantos Sarneys, o que é um Andrés a mais?