Surpreendente São Paulo

Não tinha assistido nenhum dos três últimos jogos do São Paulo – time que eu imaginava e afirmava estar alijado das chances de título nesta temporada. Neste domingo, vi a vitória contra o Sport e tenho de dar a mão à palmatória. Ricardo Gomes merece cumprimentos.

O São Paulo de Muricy ainda é a espinha do time de Gomes, mas o ex-zagueiro conseguiu uma façanha ao reverter um quadro psicológico desfavorável. É nítido e sabido que há diversos atletas que não se bicam mais. E todos nomes importantes, como Borges, Washington, Dagoberto, Hugo. Mesmo assim, o treinador, ao menos aparentemente, conseguiu colocar todos no mesmo barco.

Taticamente, não vejo ainda uma grande mudança apesar dos meus colegas jornalistas dizerem que houve uma revolução. Ricardo Gomes tentou implantar um 4-4-2 mas não deu certo e retornou ao 3-5-2 que Muricy usou nos últimos anos. Tentou fazer um meio-campo mais leve mas percebeu que a força do São Paulo estava na marcação forte. As jogadas pelo chão ganharam espaço, mas no geral ainda é o mesmo time que marca forte, puxa ataques pelas pontas e privilegia jogadores “multifunções”, como Jean, Richarlysson, Jorge Wagner e Zé Luís.

Ainda não acho que o São Paulo lutará pelo título esse ano. O “sprint” que o Tricolor está dando agora não durará por todo o segundo turno e é natural que mais cedo ou mais tarde haja uma queda de rendimento. Contudo, a vaga na Libertadores está ao alcance da mão. Depois de três anos dominando o Brasileiro, uma presença no G4 após um começo tão ruim já será um feito para se tirar o chapéu para Gomes, especialmente se ele já começar a trabalhar o time de 2010 visando a Libertadores.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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