PSG: no olho do furacão!

“Like a fire forever burning,
A flaming heart that’s yearning, more an’ more
A love to keep you warm
On the wings of the storm”

(Whitesnake – “Wings of the Storm”)

Na última quarta-feira o PSG recebeu o italiano Napoli no Parc des Princes (Paris/França), em partida eletrizante válida pela terceira rodada da fase de grupos da Champions League. O duelo que acabou empatado em 2×2 manteve embolada a disputa no grupo C, onde o PSG segue na 3ª colocação.

Como temos observado aqui no 90 Minutos, há algo diferente no PSG de Thomas Tuchel. Entretanto ao redor da bilionária equipe do xeique Nasser Al-Khelaifi sempre haverá desconfiança misturada com o desejo de soluções impossíveis, a cada vez que a equipe entrar em campo pela UCL.

A equipe de Tuchel se deparou com um organizadíssimo Napoli que agora é comandado pelo italiano Carlo Ancelotti, treinador que por sua vez deu os primeiros títulos ao PSG nesta era do xeique Nasser.

O time de Tuchel sofreu e se viu correndo atrás no placar durante toda a partida. Porém tal qual na injusta derrota para o Liverpool na primeira rodada, não faltou empenho à equipe parisiense.

Sem problemas defensivos. Mas sem sorte não se tem time campeão

O Napoli de Ancelotti mostrou-se sólido e sincronizado para propor posse de bola ao adversário, e valer-se de contra-ataques ou espaços inesperados. Os dados estatísticos da UEFA comprovam isso apontando 47% da posse de bola assinalados para os partenopei, contra 53% do PSG.

A tática era arriscada uma vez que Ancelotti tinha diante de si equipe contando com Verratti, Di María, Neymar e M’bappé, atletas qualificados detendo a posse de bola. Por outro lado o citado Verratti, bem como outros titulares do PSG como Rabiot e Cavani, foram conduzidos pelo próprio Carleto em Paris.

No alinhamento inicial Tuchel dispôs Areola, Meunier, Marquinhos, Kimpembe e Bernat. Rabiot, Verratti. M’bappé, Neymar e Di María. Cavani. O desenho tático parisiense durante a primeira etapa deu-se em variação 4-2-3-1/4-3-3. No entanto os gols sofridos pelo París foram inevitáveis.

O gol napolitano que abriu o placar aos 29 minutos surgiu de passe magistral de Callejón que encontrou Insigne livre, sendo que o atacante italiano encobriu Areola de forma inquestionável. Tendo sofrido o empate no minuto 61 o Napoli retomou a frente no minuto 77, após Mertens aproveitar bola chutada por companheiro, a qual acabou por desviar na musculatura das nádegas de Marquinhos.

Entre o minuto 29 e o minuto 61 tivemos o intervalo. Tuchel substituiu Bernat por Kehrer antes dos 45 minutos finais. A linha defensiva podia se postar com três homens (Kehrer/Marquinhos/Kimpembe). Essa preocupação defensiva é o “algo mais” que o treinador alemão tem proposto neste novo PSG. Algo que já ressaltamos aqui.

Tuchel percebeu que a ordem de Carleto era para Insigne e Mertens explorarem as costas dos dois laterais parisienses (na primeira etapa Meunier/Bernat). Com Kehrer, Meunier foi adiantado e no desenho variando 3-4-3/3-4-1-2 o PSG não só foi a frente como teve sorte na bola do próprio Meunier, que desviou em Mario Rui e ultrapassou a meta de Ospina no sexagésimo primeiro minuto.

A sorte premia aos que trabalham e Thomas Meunier vem em crescente desde a Copa, torneio o qual o belga disputou pela seleção de seu país. Na presente temporada do PSG Meunier contabiliza 9 jogos, 3 gols e 3 assistências (dados Transfermarkt.com). Daniel Alves não deve ter preponderância quando retornar de lesão. Após a partida Meunier ressaltou à imprensa de forma realista, que o PSG mostrou “duas faces”. Afirmou que sua equipe jogou em “falso ritmo” no primeiro tempo.

Já nos acréscimos Angel Di María obteve o gol de empate sendo decisivo em finalização a longa distância, de uma forma que há muito tempo o argentino não fazia. Possivelmente desde o 4×0 imposto sobre o Barcelona antes dos 6×1 sofridos pelo PSG nas oitavas de final da UCL 16/17.

O PSG precisa eclipsar a face da desconfiança em meio à Champions League e provar algo antes mesmo do mata-mata. O grupo C da UCL segue oferecendo duas vagas para três postulantes com o Liverpool em 1º lugar com 6 pontos, Napoli vice-líder com 5 seguido do próprio PSG com 4. Parir um time campeão é a missão de Thomas Tuchel.

A equipe de Paris retorna a campo pela UCL em 06 de novembro, para o início do returno da primeira fase. Napoli e PSG jogarão no San Paolo (Nápoles/Itália).

Sortie de but

– A véspera da partida trouxe enfoque do jornal L’Équipe, não no confronto entre PSG x Napoli, mas sim na disputa que ocorre nos bastidores do clube parisiense. De fato há uma queda de braço entre o treinador Thomas Tuchel e o português Antero Henrique, ex-dirigente do FC Porto e diretor esportivo do PSG desde 2017.

– Segundo consta Antero não teria boa relação com Tuchel, sendo que o alemão estaria exigindo a contratação de um membro para o departamento médico com quem trabalhou no Borussia Dortmund. Em contraparte Antero quer expandir seu “feudo”, que já engloba três portugueses, incluindo-se Joaquim Teixeira no cargo de “team manager”. O dirigente quer um quarto português.

– Em meio a isso Tuchel também teria exigido mais um volante para o plantel, peça que não foi comprada por Antero no último verão. Após derrota de 3×2 para o Liverpool na estreia da fase de grupos desta UCL, até o zagueiro Thiago Silva deu uma indireta pública ao dirigente. Perguntado pela imprensa “o que faziam Marquinhos, Rabiot e Di María no lance do gol de Firmino?” o defensor brasileiro respondeu: “perguntem ao Antero Henrique”.

– Na França o nome de Arsène Wenger (ex-Arsenal) é relacionado ao PSG para possível diretor esportivo, há semanas.

– Ainda pela Champions League os franceses Lyon e Monaco também estiveram em campo. Na terça o Lyon visitou o Hoffenheim na Alemanha empatando seu compromisso em 3×3. Os lioneses são agora vice-líderes do grupo F. O Monaco visitou o belga Club Brugge na quarta-feira, empatando em 1×1. Foi a estreia de Thierry Henry como treinador monagesco na UCL. O empate deu ao Monaco seu primeiro ponto no torneio, mantendo-os na 3ª colocação do grupo A.

Imagem de Di María cercado por jogadores do Napoli no lance de seu gol: Justin Settersfield/Getty

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
Top