Manchester’s meltdown

Nesta última quarta-feira, Manchester United e Manchester City protagonizaram um derby sem muito brilho, em partida válida pela Capital One Cup (copa da liga inglesa). O United conseguiu obter uma vitória magra pelo placar mínimo, três dias depois da derrota incontestável para o Chelsea pela Premier League.

O derby ocorrido no Old Trafford (Manchester/Inglaterra) valeu como jogo único da fase 16 avos de final da copa da liga, o que significa que o United avançou as oitavas de final. Acima de tudo, o derby ocorreu num momento tenso para os treinadores das duas equipes.

José Mourinho “United” e Pep Guardiola “City”, lidam com diferentes situações espinhosas.

Mourinho’s meltdown

Mourinho mandou a campo nove atletas considerados titulares, promovendo apenas uma mudança no miolo de zaga, uma vez que Eric Bailly saiu lesionado no decorrer da citada partida contra o Chelsea. Mou deu descanso para Chris Smalling, formando o miolo de zaga com Marcos Rojo e Daley Blind, o que abriu espaço para a titularidade de Luke Shaw na lateral-esquerda.

Com uma partida franca o jogo do United fluiu bem, em grande parte devido à presença de Juan Mata centralizado na linha de 3 meias do 4-2-3-1. O setor de ataque funcionou tão bem quanto contra o Fenerbahçe pela Europa League, valendo ressaltar que naquela ocasião Rooney foi o títular. No derby Ibrahimović veio a campo.

Mata comemora o gol da vitória (M. Rickett/PA)
Mata comemora o gol da vitória (M. Rickett/PA)

Ibrah deu o passe que culminou no gol da vitória anotado por Mata. O lance trouxe uma das duas finalizações que de fato foram em gol. O United criou oito ocasiões de gol, três a mais que o adversário. O tempo de posse de bola também foi equilibrado, com 49% para os red devils. Dados segundo levantamento do The Guardian.

Mourinho parece não estar desprezando nenhum torneio. Encerrar a temporada com um título amenizará quaisquer críticas que com certeza não diminuirão. No entanto, em setembro antes da estreia pela Europa League, Mou já se queixava da sequência dura pela qual acaba de passar.

Em pouco mais de uma semana o United enfrentou Liverpool (empate/Premier League), Fenerbahçe (vitória/EL), Chelsea (derrota/Premier League) e o derby aqui retratado. Foram duas vitórias, um empate e uma derrota contra adversários bastante qualificados.

Ainda se pode usar a “desculpa” do condicionamento físico do elenco, que se aproxima do ideal. Porém a proposta de jogo de Mourinho tem apresentado defeitos plenos, que ficaram evidentes quando o time se defrontou com defesas sólidas (caso do Chelsea). Nos últimos quatro jogos o United anotou 5 gols e sofreu outros 5.

Em contraparte com este êxito na Capital One Cup, Mourinho descontou a derrota imposta por Guardiola, no derby que já ocorreu pela quarta rodada do primeiro turno da Premier League.

Guardiola’s meltdown

Pelo lado do Manchester City, antes do derby, a imprensa já ressaltava uma inusitada sequência de cinco jogos sem vitória, situação pouco usual na carreira de Josep Guardiola. No meio da semana passada, Guardiola viu sua equipe ser goleada de forma desastrosa pelo Barcelona (4×0), pela Champions League.

No último fim de semana, os citzens viram Arsenal e Liverpool se aproximarem na tabela da Premier League, com os três times ocupando primeiro, segundo e terceiro postos respectivamente. Porém, as três equipes estão numericamente empatadas com 20 pontos. Em campo os citzens apenas empataram com o Southampton.

Guardiola tinha problemas para a escalação do time contra o United. O principal foi ausência do lesionado Kevin De Bruyne. Ao contrário do United, o City foi a campo com apenas dois titulares absolutos (Otamendi/Nolito). A surpresa foi o ressurgimento do capitão Vincent Kompany na zaga, que atuou por apenas 45 min.

Iheanacho (acima) e De Gea (J. Cairnduff/Reuters)
Iheanacho (acima) e De Gea (J. Cairnduff/Reuters)

Gündogan, Fernandinho, Sterling, Agüero e Kolarov iniciaram no banco. Os três últimos entraram no decorrer da segunda etapa. No pós-jogo, Guardiola afirmou que seu intento era poupar o elenco principal, e que não possui “varinha mágica” que anule a sequência sem vitórias.

A sequência ruim agora contabiliza seis partidas: Celtic (empate/CL), Tottenham Hotspur (derrota/Premier League), Everton (empate/Premier League), Barcelona (derrota/CL), Southampton (empate/Premier League) e a derrota do derby pela copa da liga. São três empates e três derrotas.

Quando o Manchester City conseguiu emplacar seis vitórias consecutivas pela Premier League no fim do mês de setembro, Guardiola já expressava estar surpreso diante da imprensa inglesa em euforia. O catalão no entanto, parece não ter deixado de lado seu realismo.

Com a eliminação da copa da liga, o City tem uma competição a menos. A equipe visitará o West Bromwich no fim de semana pela Premier League. Porém o confronto pela quarta rodada da fase de grupos da CL, na próxima terça-feira é o foco de Guardiola. Os citzens já re-encontram o Barcelona, agora em Manchester.

Em caso de derrota ou empate diante do Barça (9 pontos), mais vitória do alemão Borussia Möenchengladbach (3 pontos) sobre o escocês Celtic (1 ponto), o City (4 pontos) pode perder a vice-liderança do grupo B. Comparado a Guardiola, a disputa de uma duríssima CL é um problema que José Mourinho não possui.

Vale lembrar que uma eventual eliminação do Manchester City na primeira fase da CL, pode abrir precedente para um novo derby de Manchester, no mata-mata da Europa League.

Imagem de Guardiola e Mourinho (a direita): Dave Thompson/AP

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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