Na última quarta-feira o Barcelona recebeu o Manchester City no Camp Nou (Catalunha/Espanha), em partida válida pela terceira rodada da Champions League. Os culés conseguiram impôr uma goleada vistosa por 4×0, sobre a equipe inglesa agora treinada pelo ex-blaugrena Pep Guardiola.
O resultado isolou os catalães na liderança do grupo C (9 pontos), com os citzens ainda vice-líderes ostentando 4 pontos. O placar final pressupõe erroneamente uma fácil goleada. Porém Guardiola apresentou uma proposta incomum de jogo, contando ainda com infortúnios indesejados.
Barcelona
O técnico Luís Enrique mandou a campo Ter Stegen, Umtiti, Mascherano, Piqué e Alba. Busquets, Iniesta, Rakitić. Messi, Suárez e Neymar. O plano de jogo culé parecia o habitual, detendo um módulo 4-3-3 que poderia se verter num 3-4-3, uma vez que Umtiti zagueiro de área, foi postado na lateral-direita.
Com três defensores de área Umtiti/Mascherano/Piqué, Jordi Alba poderia avançar com frequência. Luís Enrique porém lidou com problemas físicos, que acometeram exatamente seus integrantes desta linha defensiva. Alba saiu aos 9 min substituído por Digne e Piqué saiu aos 38 min, substituído por Mathieu.
O Barcelona parecia lidar com um City inusitada e propositadamente retraído. Entretanto, lances capitais determinaram a goleada. O primeiro gol anotado por Lionel Messi aos 16 min, saiu graças a falha individual bisonha do volante brasileiro Fernandinho, dos citzens.
Na segunda etapa a expulsão do goleiro citzen Cláudio Bravo ocasionou a perca de um atleta de linha (Notlito), para que o goleiro Willy Caballero o substituísse. Com um homem a mais em campo, o Barcelona pôde fazer o que faz de melhor, sem grande dificuldade. Os últimos três gols só saíram após a expulsão de Bravo.
Manchester City
Pep Guardiola surpreendeu na proposta do alinhamento inicial, deixando o artilheiro Sérgio Agüero no banco. O City teve Bravo, Zabaleta, Otamendi, Stones e Kolarov. Fernandinho, Gündogan e David Silva. De Bruyne, Sterling e Nolito. O desenho tático poderia proporcionar tanto o 4-2-3-1, quanto o 4-3-3.
Guardiola privilegiou defensores natos em suas funções, mais precisamente os argentinos Zabaleta/Otamendi. À frente da defesa, a dupla Fernandinho/Gündogan parece a ideal aliando força física e saída de jogo. O treinador catalão pareceu vislumbrar um ferrolho, com um time apto a atuar sem bola, roubá-la e sair no contra-ataque.
Mesmo após sofrer o primeiro gol culé aos 16 min, quando Fernandinho escorregou e caiu sozinho no momento em que o sistema defensivo citzen se movimentava para conter um ataque adversário; o City manteve-se no controle do jogo. A falha que determinou o gol adversário foi individual.
Na primeira etapa a equipe chegou a manter 49% de posse de bola. Todos os atletas da segunda linha em diante chegavam com perigo, como no lance protagonizado por Gündogan aos 38 min. O volante surgiu ao lado esquerdo da área culé, finalizando com perigo frente a Ter Stegen. Só havia segurança no sistema defensivo, porque Kolarov não foi postado no miolo de zaga, e os laterais de velocidade (Sagna/Clichy) não ganharam titularidade.
Na segunda etapa a expulsão do goleiro Bravo aos 53 min, foi crucial. O goleiro chileno saiu da área frente a Luís Suárez que o pressionou. O uruguaio conseguiu finalizar bola que encobriria Bravo caso o próprio goleiro não a tocasse com as mãos, fora da área. A infração ocasionou seu cartão vermelho.
Segundo levantamento oficial do The Guardian, os citzens criaram 7 ocasiões de gol (apenas 4 a menos que o adversário), das quais três foram em gol. O tempo total de posse de bola do time azul de Manchester acabou em 40%.
Detendo seus 11 atletas em campo, a ideia de Pep Guardiola lembrava muito a postura do Chelsea 2011/2012 de Roberto Di Matteo, quando os blues eliminaram o Barça do próprio Pep, na semifinal da CL.
Uma pena os citzens terem sofrido tantos reveses, que nos impediu de observar a proposta defensiva do sempre ofensivista Guardiola.
Imagem de Guardiola e Luís Enrique (de costas) ao fim da partida: Albert Gea/Reuters