Pistas sobre a futura elite do futebol brasileiro

Abaixo, uma tabela que mostra quantos pontos os clubes brasileiros fizeram no Brasileirão, seguindo uma pontuação bastante lógica (creio eu): O primeiro colocado faz 20 pontos, o segundo 19 e assim por diante. Nos anos em que houve mais de 20 clubes, o mínimo para cada um foi de um ponto. Sugestões sobre como aprimorar o sistema de avaliação são bem-vindas. 

Achei conveniente nessa primeira tentativa de encontrar um modo de mesurar a presença dos times na Série A conveniente não avaliar vitórias, gols e pontos. Fosse assim, o Campeonato de 2007 que o São Paulo venceu com grande folga ampliaria sua vantagem em relação aos demais de forma enganosa, porque a forma em um campeonato diz pouco; a forma em vários diz muito. Exemplo: o Corinthians venceu a liga dois anos antes de cair. Na média o resultado seria razoável, mas é improvável que se encontrem corintianos afáveis à ideia de que vale a pena ganhar um título para cair dois anos depois.

No longo prazo, regularidade é tudo. Um time que sempre disputa o título é considerado maior do que um que disputa eventualmente, mesmo que em termos de troféus, ambos vençam uma quantidade parecida de títulos. O Arsenal, na Inglaterra, é um bom exemplo. Poucos classificariam o Arsenal como um time médio, apesar de que nos últimos cinco anos, ganhou tanto quanto seu rival Tottenham.

Essa mostra (que depois de sete temporadas já é consideravelmente consistente) não quer dizer que o São Paulo é o maior time do Brasil é óbvio, mas sim, o Internacional deu mais mostras de estar preparado para um novo estágio do futebol brasileiro do que o Atlético-MG ou Botafogo, por exemplo. Me parece simples de ver que os quatro primeiros estão destacados do segundo grupo, assim como também parece óbvio que uma boa temporada do Santos conjugada com uma ruim do São Paulo os colocam em pé de igualdade – o que indica que a distância entre os dois é pequena e – ainda – circunstancial.

É claaaaaaaaaro que os torcedores do time A ou do time B dirão que é um, absurdo  e que o time deles é maior que o Real Madrid. Que briguem com a matemática e a lógica e peguem Pitágoras e Descartes na porrada. Não há 13 clubes grandes no Brasil. O tempo desenhará uma elite de quatro ou cinco clubes, um segundo pelotão de mais quatro e assim por diante. Clubes fazendo uma boa campanha eventualmente sempre aparecerão, como Hoffenheim, Sporting Braga, Twente, Everton, etc. Talvez seja doloroso e até impossível para o torcedor deixar de comparar seu amado clube ao Real Madrid para equipará-lo ao Deportivo La Coruña (na melhor das hipóteses), mas um jornalista tem a obrigação de fazer isso. De outro modo, estará enganando sua audiência.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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