Brasil x Portugal

Quando vi que Robinho (de cara feia no banco) estava fora para dar lugar a Nilmar, me animei. Mais ainda quando soube que Daniel Alves jogaria. Tudo em vão. Uma desilusão. Era o que eu temia. Sem Kaká, o Brasil não existe – e sem Elano, quem diria, tudo piora também (é o coadjuvante mais fundamental que já vi). Quando seu time tem Lúcio de armador, é porque a coisa está feia.

Casagrande e Júnior passaram a partida perguntando por que o Brasil só atacava pela direita. A resposta é que Maicon não fica na defesa nem que seja baleado. Cabe perguntar se não valeria a pena deslocar um zagueiro para a esquerda e deixar o Brasil à imagem da defesa argentina de Maradona, porque de fato, Michel Bastos fez papel de decoração.

Quando teve a bola, Nilmar foi mais incisivo que Robinho. É menos talentoso, mas joga futebol e não Playstation. Creio que com kaká em campo, a articulação com ele e com Luis Fabiano (outra sombra, dada a ausência de armação de Julio Baptista) será mais eficiente. Mas a menos que Robinho esteja contundido, não acredito que Nilmar ganhe a vaga.

O fato é: não sabemos colocar velocidade no jogo e o erro mais irritante de 2006, a falta de mobilidade dos brasileiros sema bola, voltou com força total. Passar rápido só adiante quando há opções. Em velocidade, os dribles de Nilmar e Robinho ganham muita importância, mas é preciso determinar que os meio-campistas se mexam mais e que Lúcio, que ainda vai enterrar o Brasil com suas subidas desgovernadas, fique na defesa (a melhor jogada de Portugal saiu numa subida escalafobética sua que foi parada com o cartão amarelo de Juan). Estamos nas oitavas, mas não empolgamos.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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