Até duas semanas atrás, o Corinthians era considerado um dos times que podia disputar o título. Hoje, encontra-se na metade de baixo da tabela. Mudou alguma coisa?
Não. O time corintiano de hoje continua sendo exatamente o mesmo do começo do ano. Um time médio sem Ronaldo, um time médio com Ronaldo sem vontade e um time médio que pode vencer qualquer rival brasileiro quando Ronaldo joga para valer, mesmo estando ridiculamente acima do peso.
Por alguma razão, o desinteresse do Corinthians pelo Brasileiro recebe a absolvição da imprensa. A justificativa de que o clube já está classificado para a Libertadores parece ser suficiente para que o time deixe de jogar, como demonstram sem chances de dúvida as derrotas para Goiás e Atlético-PR. Da mesma maneira, as bravatas da diretoria do clube que falam em contratar Ronaldinho Gaúcho, Riquelme, Zidane, Santo Antonio de Pádua e Godzila também entram na pauta sem questionamento, tal qual seria um anúncio de invasão militar do Haiti nos Estados Unidos.
Dividamos a coisa em dois: sobre o comportamento da mídia. A origem da imprensa no Brasil é áulica, formada na corte portuguesa estacionada no Rio. Essa raiz jamais foi totalmente superada. De um modo geral, a imprensa sente-se melhor no papel de endosso do ‘establishment’. Isso é verdade desde os cadernos de política até os esportivos. Sim, existem jornalistas e publicações que têm noção de suas funções, mas o retrato geral é contrário à oposição sistemática.
Sobre o desempenho e comportamento corintiano. O técnico Mano Menezes não é um idiota (muito longe disso) e certamente sabia que seu time não tinha como disputar o título brasileiro. Se não admitia isso em público é porque pretendia manter a aparência. É compreensível que um time que já tenha atingido sua meta preestabelecida no ano (i.e. a vaga da Libertadores) relaxe um pouco. Só que não se espera a abdicação total do torneio de profissionais (bem) remunerados.
É possível que o bravateiro Andres Sanches leve para o Parque São Jorge os reforços prometidos (talvez Godzila seja um pouco mais difícil). Afinal, ninguém acreditava em Ronaldo no Parque e lá ele está. É possível que o meio-campo do Timão no primeiro jogo da Libertadores tenha Ronaldinho Gaúcho e Riquelme atrás de Ronaldo e Dentinho. Sim, é possível. Mas não provável. Se isso (reforços de peso – muito peso) não acontecer, contudo, O Corinthians descobrirá que não se monta um time para a Libertadores começando na metade de janeiro. Descobrirá também que o atual elenco tem uma série grande demais de jogadores incompatíveis com a conquista da obsessão da Libertadores. No momento em que as coisas revelarem-se menos róseas do que o normal, então, a crítica despertará de seu sono real e começará a fazer alertas. Mais uma vez, tarde demais.
No começo do ano, os corintianos diziam que iriam ganhar o Campeonato Brasileiro com folgas, e agora que o time vai mal, dizem que a competição não interessa, porque o time já está na Libertadores. Ora, se já está na Libertadores, pra que se esforçar em ganhar o brasileiro?
Álexandre, no Milan, o Godzila só jogaria no time “Primavera”, a equipe de aspirantes…
Parabéns pela análise sobre o comportamento da imprensa no Brasil, assino embaixo. Cada vez é mais difícil tentar ver alguma coisa principalmente na TV aberta e como você falou, em todos os setores, infelizmente.
(Pra ‘desanuviar’) Eu levaria o Godzilla pro meio campo do Milan. Há tempos o Gattuso anda muito longe de um ‘rinoceronte’…
=P
O Mano é mesmo o cara para montar equipes competitivas a partir do quase zero absoluto. Até do Silas (Avaí) já ouvi esse juízo.
O Gílson lembrou bem: Ronaldo e Godzila são a mesma “pessoa” 😀
Quanto ao Corinthians, acredito que Mano possa rearrumar a casa até janeiro e deixar o time competitivo o bastante para vencer a Libertadores. O problema é que o sucesso numa competição como essa não pode ser garantido, até por sua fórmula de disputa.
E aí pesa a obsessão dos alvinegros pelo inédito título.
“Por alguma razão, o desinteresse do Corinthians pelo Brasileiro recebe a absolvição da imprensa.” Completo: e desde a conquista da Copa do Brasil, e consequente classificação para a Libertadores, de uma parte bem razoável da torcida – para não dizer de quase toda ela.
E Ronaldo&Godzila seria um ataque realmente de peso. Principalmente depois daquele vídeo que viralizou. Resta ver se não haveria uma crise de identidade… 😀