Leco, esse gênio gerencial

O sujeito quer demitir o técnico tricampeão brasileiro, foi diretor de futebol do pior presidente da história do São Paulo, provoca o Ronaldo antes de uma final e fica questionando jogadores do time. Este é o cartão de visitas de Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, vice-presidente de futebol do São Paulo.

No meio empresarial, alguém com a competência equivalente à do dirigente amargaria o desemprego eterno, a menos que fosse filho de algum milionário ou bem relacionado de uma forma geral. No futebol, contudo, Leco escapa de estar bem ranqueado entre os dirigentes mais medíocres do planeta. Sim. A competição dos colegas é forte. Há toda uma leva de criaturas bizarras do “management” futebolístico. Roberto Horcades, do Fluminense, Alberto Dualibi (RIP, esportivamente falando, claro), Carlos Augusto Montenegro são alguns dos nomes que mantém Leco entre um “péssimo entre os dantescos”. Claro, sem falar no ícone, no épico, lendário destruidor Eurico Miranda, responsável pela devastação completa do Vasco da Gama.

Quando Leonardo disse que só a privatização salvaria o Flamengo, sabia do que falava. E não era só do Fla que Leo falava. A incompetência de Leco – e de todos os seus pares – para o cargo que ocupa é um caso claro de inaptidão crassa e gritante. Como esses dirigentes conseguem esses cargos? Política, relacionamento, berço. Quase nunca (para não dizer nunca) capacidade e mérito.

As estruturas do futebol brasileiro são como as estatais que os Esquerdossauros berravam para não privatizar e que hoje dão lucros recordes consecutivos. Quem fala contra o pedido de Leonardo – a profissionalização do Fla (ou de qualquer outro clube) vive da aspiração similar à dos Esquerdossauros – a de manter a inércia para comer a carniça.

Não existe incompetência nos outros países? Claro que existe. Freddie Shepherd, ex-dono do Newcastle, fez do segundo maior clube da Inglaterra fora de Londres um lutador contra o rebaixamento; na Itália, Luciano Moggi teve a manha de criar um sistema de corrupção para que a Juventus vencesse (como se ela precisasse disso); na Espanha, o Valencia só não quebra por causa do governo. Incapacidade is everywhere. Mas convenhamos, nenhum país tem a glória de ostentar um Leco, um Eurico e um Horcades simultaneamente, tem?

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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