Na última quarta-feira, o espanhol Real Madrid visitou e venceu a italiana Roma, no Estádio Olímpico (Roma/Itália), em partida de ida válida pelas oitavas de final da Champions League. Ainda que ostentando favoritismo pleno, a vitória por 2×0 obtida pelos espanhóis, demandou algum esforço.
Roma
Em termos táticos a Roma que encerrou a primeira fase da atual CL, é muito diferente da Roma do treinador italiano Luciano Spalletti. Retornando ao time giallorossi, Spalletti sucede o bom treinador francês Rudi Garcia, de ascendência espanhola. Garcia é um treinador contemporâneo, que propunha um futebol intenso, valendo-se do módulo 4-2-3-1.
![O técnico da Roma Luciano Spalletti. (AFP- Getty)](http://90minutos.org/90/wp-content/uploads/2016/02/2333480_w2.jpg)
Por outro lado, o francês pecava pela inexperiencia ao determinar que sua equipe atuasse de maneira ofensiva, contra times como FC Bayern ou Barcelona. Na atual temporada os giallorossi perderam de 6×1 para o Barça, na fase de grupos. Na edição passada, foram goleados por 7×1 pelo FC Bayern, também na primeira fase.
Na década passada, Luciano Spalletti conduziu a Roma com frequência na CL, tendo disputado três edições do torneio em quatro temporadas (2005-2009). Depois foi contratado pelo russo Zenit (entre 2009-2014). Sua missão em San Petesburgo, era fazer o time obter índice para disputa da CL.
Em cinco temporadas, Spalletti conduziu o Zenit nas edições da CL 2011/2012, 2012/2013 e 2013/2014.
Catenaccio contemporâneo.
Contra o Real Madrid Spalletti deixou o líder De Rossi e o atacante Dzeko, no banco. Povou o meio-campo/ataque com atletas de velocidade, sem um homem referência à frente. Cabia à dupla El Shaarawy/Salah, explorarem “as costas” dos laterais blancos Carvajal e Marcelo, o que deu certo ao menos até pouco mais de 45 min de partida.
A Roma teve Szczesny, Florenzi, Manolas, Rüdiger e Digne. Pjanic, Vainqueur, Nainggollan, Perroti e Salah. El Shaarawy. O desenho tático foi na prática um 4-5-1 (Salah e Shaarawy se revezavam à frente), ora re-designado em 4-6-0. Critica-se muito o estilo defensivo do jogo italiano, mas o mesmo pode ser adequado ao futebol físico atual.
O time pode se colocar em postura defensiva, mas dispondo de atletas de transição em velocidade pelos lados externos do campo, é possível obter um eficiente jogo no contra-ataque. É o que justifica a temporada excelente do Leicester City, atual líder da Premier League inglesa, comandado pelo italiano Claudio Ranieri. Ou o próprio Real Madrid campeão da CL 2013/2014, conduzido pelo italiano Carlo Ancelotti.
Real Madrid.
Os blancos obtiveram os dois gols da vitória sobre a Roma, em lances individuais de Cristiano Ronaldo e Jesé. Recentemente o técnico Zinedine Zidane afirmou que prefere ver seu time ostentando a posse de bola, e jogando no campo adversário. O oposto do que propunha Carlo Ancelotti, que preferia que o adversário fosse atraído para o seu campo.
Carletto antevia o “sfruttare” (“explorar” em italiano), ou seja utilizar-se do espaço deixado pelo adversário em seu próprio campo abandonado. Com os dois melhores atletas do mundo no expediente da transição em velocidade (CR7/Gareth Bale), a ideia prévia de jogar em contra-ataque era um vislumbre racional.
Voltando ao presente, com a Roma invadindo o campo blanco, Zidane viu seu louvável intento ofensivo anulado. Mais do que isso, sem espaços e com os atacantes merengues obrigados a estarem no campo defensivo, o meia Modrić teve inutilizada a sua capacidade de realizar longos lançamentos.
A pergunta que fica é: à frente de um time sem o melhor talento individual que o dinheiro pode comprar, Zidane manteria seu intento ofensivista?
Real Madrid x Roma farão o jogo de volta das oitavas de final da CL, no Santiago Bernabeu (Madrid/Espanha), no próximo dia 08 de março.
Imagem do romanista Rüdiger (a esquerda) e Cristiano Ronaldo: Getty.