Cabeça quente não ajuda

A declaração de Alexandre Kalil dizendo que o Galo jogou um ano no lixo por causa das últimas derrotas é sintoma do perigo que eu mais temia para o Atlético. Graças ao frenesi desmedido de uma imprensa amadora e provinciana  – e também pela falta de sobriedade da própria diretoria – o Atlético corre o risco de sim, desperdiçar um ano sensacional por causa de falta de neurônios.Semanas atrás, publiquei post falando exatamente da necessidade do Galode manter a cabeça fria porque o título era uma miragem que não ia se concretizar em decorrência de uma série de fatores, mas que o ano do clube era sensacional e que era um excelente passo para entrar em 2010 com ambições verdadeiramente mais concretas.

A crítica àquele post por parte da torcida do Atlético foi pesada, entre os quais, meia dúzia de jumentos (e jumentas) fizeram questão de deixar claro como se deliciam com a ração de seus comedouros. Mas mesmo entre os críticos educados, havia a sensação de que eu desmerecera o clube. Na verdade, o que eu temia era exatamente o que acontece hoje: perdido o título “certo” (claro que esse “certo” é apenas na cabeça de quem era ou cegamente apaixonado, ou demagogo ou burro), fica a sensação de que tudo tem de mudar.

Mentira. Quanto menos mudar, melhor. O Galo precisa de alguns reforços, de um elenco mais amplo e de frieza para não cometer nenhuma estupidez tipo ir buscar um técnico novo (como fez a genial diretoria gremista neste ano). O elenco é bom – só é pequeno numericamente – e os jogadores vindos da base que foram irregulares neste ano entrarão em 2010 muito mais estáveis. Alexandre Kalil é o homem para acertar a trajetória do clube, mas precisa se lembrar que não pode agir como dirigente da Galoucura. Sucumbir a essa tentação é a diferença entre ser um baita dirigente ou ser um Beto Bom de Bola.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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