Fim de carreira?

Esta coluna cravou, seco, no início da temporada, que a melhor contratação da temporada tinha sido feita pelo Milan. Afinal, o clube de Via Turati tirara o maior atacante da maior rival – a Inter – de graça. E de quebra, ainda tinha preenchido uma lacuna no elenco, agregando um centroavante com força física para atuar entre os zagueiros.

A primeira parte da temporada desmentiu brilhantemente esta coluna, fazendo com que este colunista recebesse acusações e ironias de todos os tipos, onde os acusadores diziam que “Vieri está acabado”, e que “quem o acompanhava na Inter sabia disso”. Justo, uma vez que a crítica é um direito inalienável do leitor.

A passagem do atacante toscano para o Mônaco pode ter parecido a cereja no bolo de quem malhava o centroavante – e consequentemente, esta coluna. Contudo, tirar a conclusão de que Vieri está acabado certamente não parece a mais racional. Quem acha que o jogador é carta fora do baralho pode se surpreender com uma possível convocação sua para a Copa.

Não se trata de uma aposta. Apesar de não ter ido bem no Milan, Vieri de fato teve pouco espaço para ganhar ritmo. Contudo, a concorrência era composta por Shevchenko e Gilardino, que não são exatamente cachorro morto. E entre as quatro prováveis vagas no ataque da Itália, ninguém está garantido, por um motivo ou outro.

Os candidatos ao posto, teoricamente, são: Gilardino (Milan), Luca Toni (Fiorentina), Del Piero (Juventus), Cassano (Real Madrid), Iaquinta (Udinese) e mais outros menos cotados que correm por fora, além do próprio Vieri. Sem uma surpresa, o técnico Marcello Lippi levará dois atacantes de mobilidade e dois centroavantes típicos.

Nesta ótica, ainda na teoria, Vieri concorre com Gilardino e Toni. Fosse hoje, não haveria dúvida, porque os dois últimos estão marcando gols aos borbotões. Só que o milanista tem a vantagem de jogar também como segundo atacante, se necessário.

Mesmo se não jogou bem no Milan, os exames físicos do atacante comprovaram que sua condição ainda é ótima. Segundo Ancelotti, o que falta a Vieri é ritmo de jogo, coisa que ele certamente terá no Mônaco, comandado pelo também italiano Francesco Guidolin.

Dá para apostar que ele jogará bem? Ainda que o esporte predileto do jornalismo esportivo seja a previsão do futuro, certamente não. O que dá para dizer, com certeza, é que Vieri ainda está bem fisicamente, ainda tem vontade de jogar (pelo menos demonstra) e, em forma, é o melhor ‘goalscorer’ italiano. Os próximos seis meses serão decisivos na sua carreira. Ou Vieri cala os críticos ou senão no ano que vem é capaz de estar jogando no Atlético-PR treinado por Matthaeus.

Parece brincadeira, mas a Inter precisa contratar atacantes…

Pode parecer incrível, mas a Inter, que dá a sensação de contratar um atacante a cada doze dias, corre o sério risco de se ver sem nenhum atleta do elenco profissional para a próxima partida do campeonato. “Chino” Recoba está fora de combate por três semanas com uma lesão muscular; Obafemi Martins seguiu para a Nigéria, com quem disputará a Copa da África e o recém-contratado interista, Obinna (não confundir com o quase-homônimo brasileiro) pode ter de atender a uma convocação de emergência da Nigéria por causa de contusões nos titulares.

Se a partida fosse nesta terça, a Inter teria Obinna, mas sem o jogador (que, segundo a Gazzetta Dello Sport, não agrada o técnico Mancini e foi uma aquisição ‘pessoal’ do presidente Massimo Moratti), Adriano e Julio Cruz seriam os titulares e o banco teria de ter nomes da equipe juvenil.

Como dinheiro não falta em Appiano, Moratti já veio a público dizer que fará sim uma contratação para o ataque. O búlgaro Valeri Bojinov (Fiorentina) é um dos candidatos, mas também Davide Di Michele (Udinese) pode vestir o manto ‘nerazzurro’ se a emergência se confirmar.

Um evento interessante – e até então pouco conhecido – é o desprazer com o qual Mancini recebeu Obinna no grupo. Teoricamente, Moratti não é o presidente nem muito menos o treinador. Mas como é quem paga a conta, não se inibe em contratar quem ele quiser. Atenção para este pequeno atrito na próxima crise do clube com o treinador.

– A ida de Cassano para Espanha confirma um estranho fenômeno.

– Jogadores de peso do futebol italiano encontram admiradores no exterior que paguem mais do que os clubes da península, apesar da propalada força financeira da Série A.

– Vieri jogará com Di Vaio no Mônaco, enquanto Cassano reforça o Real Madrid.

– Outros nomes de menor peso, como Moretti e Potenza também encontraram guarida no experior.

– Isso para não falar nos jovens como Giuseppe Rossi e Arturo Lupoli, que figuram entre as promessas de Manchester United e Arsenal.

– Se não for Amoroso o substituto de Vieri, o Milan está escondendo muito bem o nome de seu alvo de mercado, pois tirando a boataria absurda, nenhum nome é cogitado.

– Mas Galliani já tinha avisado, antes de Vieri sair: “Se Vieri for, contrataremos outro jogador”.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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