PSG: é possível jogar sem Neymar

Nestes últimos dias o tratamento da lesão no pé direito do atacante Neymar do PSG, tomou os noticiários esportivos aqui do Brasil. Tenta-se causar algum tipo de comoção similar à propagada durante os primeiros meses de 2018, em véspera do Mundial 2018. Neste ano de 2019 Neymar se lesionou tendo uma Copa América em vista pela seleção brasileira.

Para além das similaridades do período em que o atleta se lesionou, além do problema ter surgido no mesmo pé que atrapalhou sua preparação para a Copa na Rússia, é preciso ressaltar que o PSG 18/19 é diferente da equipe ainda comandada por Unai Emery (Arsenal). Como sabemos, Neymar desfalcará o time nas oitavas de final da Champions League pela segunda temporada consecutiva.

No entanto a equipe parisiense tem peças que podem suprir a ausência do brasileiro e proposta tática muito superior a apresentada nas últimas temporadas. Se for eliminado pelo Manchester United, dono de tradição e elenco inquestionável, não será pela ausência de Neymar.

PSG de Emery x PSG de Tuchel

Desde a pré-temporada 18/19 ressaltamos aqui no 90 Minutos, o trabalho do técnico Thomas Tuchel em readequar o sistema defensivo do PSG. A linha defensiva que varia entre 3 e 4 atletas, pode se defender com 4 jogadores caso um dos laterais avance (geralmente Bernat), uma vez que Tuchel tomou Marquinhos, a princípio zagueiro, como primeiro volante.

PSG defesa sem posse de bola (4 defensores) - clique para ampliar
PSG defesa sem posse de bola (4 defensores) – clique para ampliar

Desta forma o PSG varia o 4-2-3-1/4-3-3 para o 3-4-3 como tem sido nesta temporada. O PSG de Emery sofria com a vulnerabilidade nas costas de seus laterais (Kurzawa/Daniel Alves) e falta de peça de reposição para o volante Blaise Matuidi, negociado com a Juventus antes da temporada 17/18 iniciar. Hoje Kurzawa perdeu espaço para Juan Bernat e recuperado de lesão, Daniel Alves é definitivamente atleta de meio-campo/ataque para Tuchel.

 

PSG defesa com posse de bola (3 defensores) - clique para ampliar
PSG defesa com posse de bola (3 defensores) – clique para ampliar

Neymar não é primordial basicamente porque a defesa do PSG hoje é muito diferente da defesa da equipe comandada por Unai Emery, eliminada pelo Real Madrid nas oitavas de final da UCL 17/18 sem Neymar. Independente de quem seja escalado no ataque, a equipe se defende melhor. E com o brasileiro fora há peças de reposição a altura no campo ofensivo.

Comparado com Kylian M’bappé e Angel Di María, Neymar tem números similares na temporada 18/19. No computo total da presente temporada 18/19 Neymar tem 23 partidas e 20 gols, contra 24 jogos e 22 gols de M’bappé e 29 jogos e 9 gols de Di María. Os três atletas contabilizam 10 assistências concedidas. No entanto o francês tem 2 gols a mais que o brasileiro, que por sua vez, contabiliza 6 aparições a menos que o argentino.

Na Champions League 18/19 em específico Neymar tem mais gols que os outros dois atletas. São 5 gols do brasileiro contra 3 do francês e 2 do argentino. No entanto Neymar realizou um hat trick em partida contra o combalido Red Star Belgrado, na segunda rodada da fase de grupos. Não foi hat trick contra o Liverpool, nem contra o Napoli adversários muito mais duros. O Red Star foi o último colocado do grupo C.

No aspecto tático uma opção para Tuchel é utilizar o alemão Julian Draxler no lugar de Neymar, o que pode possibilitar um 4-3-1-2 tipicamente sul-americano, com Di María cumprindo a função de enganche (o “1”) atrás de dois atacantes (M’bappé/Cavani). Com a posse de bola o time pode se desenhar em 3-4-3.

PSG 4-3-1-2 com Di María e Draxler - clique para ampliar
PSG 4-3-1-2 com Di María e Draxler – clique para ampliar

A formação poderia ter Buffon, Kehrer, Thiago Silva, Kimpembe e Bernat. Marquinhos, Verratti e Draxler ao meio. Com Di María, M’bappé e Cavani à frente.

Com a dupla Draxler/Di María, Tuchel tem atletas que podem desempenhar função de meio-campistas plenos, dotados de capacidade de contenção de posse de bola e bola longa. Neymar é um atacante.

Um episódio esquecido

Um episódio esquecido por todos é a partida de ida entre PSG e Barcelona, nas oitavas de final da Champions League 16/17. Antes da remontada dos 6×1 impostos pelo Barça no Camp Nou, o PSG então treinado por Unai Emery, venceu o Barcelona por assombrosos 4×0, em Paris (França).

Naquela ocasião o PSG ainda tinha Matuidi fixo à cabeça de área. Emery utilizou tanto Di María quanto Draxler no time titular. Di María foi o nome do jogo com dois dos quatro gols parisienses. Cavani e Draxler anotaram os outros dois tentos. Eram possíveis módulos táticos em 4-2-3-1, 4-3-3. Draxler e Di María ao redor de Cavani permitiam isso.

Na temporada 16/17 Neymar ainda era atleta do Barcelona. O que não se explica é o por que de Unai Emery não ter utilizado Di María no alinhamento inicial, da fatidica partida do 6×1. Emery optou por postura defensiva de contra-ataques com o brasileiro Lucas (hoje Tottenham) no lugar do argentino. Di María entrou no decorrer da segunda etapa. No aspecto mental, trata-se de um jogador ex-Real Madrid, habituado a confrontos contra o Barcelona.

O confronto de ida entre PSG e Manchester United pelas oitavas de final da Champions League só acontecerá em 12 de fevereiro em Old Trafford (Manchester/Inglaterra). Em menos de duas semanas. A previsão de retorno de Neymar a campo é para o mês de abril.

Relembre PSG 4×0 Barcelona na Champions League 16/17

Dados: Transfermarkt

Imagem de Neymar: AFP

Sortie de but

– O PSG retorna a campo pela Ligue 1 no domingo, em clássico contra o Lyon no Groupama Stadium (Lyon/França). PSG lidera o torneio com 56 pontos em 20 jogos disputados (de 22 rodadas que nem todos completaram), 13 pontos a mais que o vice-líder Lille que já tem 22 partidas disputadas.

– Durante a janela de transferências de inverno prestes a se encerrar, o PSG cogitou Aaron Ramsey (Arsenal) e desencadeou rumores que o ligavam ao brasileiro Allan (Napoli). No entanto a equipe parisiense acertou a contratação do argentino Leandro Paredes, de 24 anos. O volante deixou o russo Zenit por 47 milhões de euros.

– Este meio de semana trouxe confrontos das semifinais da Copa da Liga francesa. Na última terça-feira (29 de janeiro) Guingamp e Monaco empataram em 2×2 no tempo normal, com o Guingamp avançando nos pênaltis. A equipe rubro negra enfrentará na final o Strasbourg que por sua vez, eliminou o Bordeaux no dia seguinte, vencendo por 3×2. A decisão está marcada para 30 de março.

– Técnico português Leonardo Jardim reestreou à frente do Monaco no citado confronto contra o Guingamp. Jardim retornou ao clube menos de seis meses depois de ter sido demitido. Thierry Henry foi suspenso de suas atividades após a eliminação dos monagescos nas oitavas de final da Coupe de France, no último dia 22 de janeiro. Monaco foi derrotado pelo Metz por 3×1.

– Demitido nas primeiras rodadas da presente edição da Ligue 1, a missão de Jardim é tirar o clube da 19ª colocação (e zona de rebaixamento) da Ligue 1. Com dinheiro em caixa cabia à direção do Monaco ter acertado reforços para preencher lacunas de Lemar, João Moutinho e Fabinho, tão logo a temporada se iniciou. Ao demitir Jardim, Rony Lopes se via lesionado e o clube nem sonhava com Cesc Fàbregas.

– O Monaco ainda deve acertar troca com o inglês Leicester City cedendo o belga Tielemans, para ter o português Adrien Silva. O japonês Shinji Kagawa também foi cogitado, mas o meia-atacante não deve deixar o alemão Borussia Dortmund.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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