Champions League: Atlético Madrid 1×0 FC Bayern – o duelo tático

Na última quarta-feira Atlético de Madrid e FC Bayern se enfrentaram, em jogo válido pela segunda rodada da fase de grupos da Champions League. Os colchoneros receberam os bávaros em Madrid (Espanha), conseguindo obter a vitória pelo placar mínimo.

No aspecto técnico/tático a partida foi equilibradíssima. O resultado alcançado pela equipe espanhola fez com que os colchoneros se isolassem na liderança do grupo D, com seis pontos. O Bayern tem apenas três pontos, mas mantem-se vice-líder.

Atlético de Madrid

O treinador argentino Diego Simeone mandou a campo Oblak, Juanfran, Godín, Savić e Filipe Luís. Gabi, Saúl. Koke, Torres e Carrasco. Griezmann. O módulo tático variava o 4-2-3-1/4-1-4-1, também dando opções para a organização em 4-4-2 ou 4-3-3. Nas duas primeiras variações, Fernando Torres era quem surgia centralizado na linha dos 3 ou 4 meias ofensivos.

Na coletiva pré-jogo, Simeone confirmou à imprensa que Torres sairia jogando. O treinador disse que “el niño” é um atleta “importante na ocupação de espaços”, com certeza se referindo à sua técnica no jogo sem bola.

O duelo entre “el niño” e o volante espanhol dos bávaros Xabi Alonso foi ressaltado pela imprensa espanhola, sendo que o atacante colchonero levou a melhor. O fato de Javi Martínez não ser zagueiro de origem na defesa bávara também contribuiu, valendo ressaltar que Torres o infernizou desde o início da partida.

Com Torres centralizado, Carrasco e Griezmann flutuavam pelos lados quando o time recuperava a bola e saía em contra-ataques. Os três aglutinam um tridente ofensivo e possibilitam o desenho tático em 4-3-3. A efetividade do artifício se escancarou com a má atuação de Philip Lahm pelo lado direito da defesa bávara, esquerdo do ataque do Atlético.

O gol da vitória do Atlético saiu aos 35 min, após Griezmann pelo centro, passar para Carrasco surgindo em velocidade pelo lado esquerdo de seu ataque. O lance que originou o pênalti que Griezmann mandou no travessão aos 81 min, também surgiu pelo lado esquerdo do ataque do Atleti, com Filipe Luis.

Segundo levantamento do The Guardian, o tempo de posse de bola foi igualmente dividido entre as duas equipes (50% pra cada). O Atlético criou muito mais ocasiões de gol (11 contra 7). Das 11 ocasiões de gol, 5 foram em gol e pelo menos duas foram criadas por Fernando Torres, com grande perigo na primeira etapa. Uma avançando pela esquerda de seu ataque e outra que acabou na trave em jogada de escanteio.

Num duelo espelhado onde ambos os times buscaram o jogo vertical em contra-ataque, sobressaiu-se aquele que teve a defesa mais confiável.

FC Bayern

Na véspera da partida o treinador italiano Carlo Ancelotti explicava à imprensa espanhola que tem feito com que o Bayern jogue de forma vertical, buscando o gol adversário ao valer-se de contra-ataques. Em contraparte não sabemos se Carletto tinha a sua disposição os melhores atletas no quesito condicionamento físico.

O Bayern teve o alinhamento inicial com Neuer, Lahm, Boateng, Javi Martínez e Alaba. Alonso, Vidal e Thiago Alcântara. Thomas Müller, Lewandowski e Riberý. O desenho tático era um 4-3-3. A proposta de Ancelotti parecia nítida com as peças em campo. O setor ofensivo até funcionou criando sete ocasiões de gol, das quais quatro foram finalizadas em gol.

Porém na parte defensiva o capitão Phillip Lahm e o volante Xabi Alonso revelaram-se atletas em fim de carreira. Na lateral-direita Lahm (32 anos) cedeu espaços em pelo menos três oportunidades cruciais, sendo que uma delas ocasionou o gol da vitória do Atlético. O lance em específico explicitou um mosaico de erros com Boateng correndo sem direção, e Javi Martínez (volante de origem na quarta zaga) completamente perdido.

Alonso (a esquerda) e Torres. (Foto: Ballesteros/EFE)
Alonso (a esquerda) e Torres. (Foto: Ballesteros/EFE)

Já Alonso (34 anos) mostrou-se sem rumo, fixo à cabeça de área bávara e atordoado com a movimentação sem bola de Fernando Torres. Com tanta inconstância no sistema defensivo, Arturo Vidal acabou sobrecarregado e não foi estranho o fato dele ter cometido o pênalti desperdiçado por Griezmann.

Não temos laudos do departamento médico do Bayern, mas as circunstâncias nos fazem supor que Ancelotti ainda não tem as suas melhores peças, nas melhores condições físicas. O zagueiro Mats Hummels foi o principal reforço bávaro para a temporada e entrou aos 62 min no lugar de Boateng.

Dois minutos depois o lateral-direito Joshua Kimmich surgiu no lugar de Alcântara. Kimmich foi para a direita e Lahm deslocado para o meio. Em tese pressupõe-se que Hummels e Kimmich sejam titulares absolutos, mas ainda não atingiram a melhor forma física. Isso uma vez que ambos tiveram menos tempo de férias em virtude de terem atuado na EURO, pela seleção alemã.

Imagem de Fernando Torres (em pé): Claudio Alvarez

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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