Robinho e mais um capítulo da série “A volta dos que não foram”

Robinho volta ao Santos, pela segunda vez desde que saiu por volta de 2005. Revelado junto a geração de “meninos da Vila” do início dos anos 2000, Robinho deveria ser a próxima “grande coisa do futebol brasileiro”, no pós-penta depois de 2002. Não foi porém o que aconteceu.

Robinho foi contratado como galáctico em 2005, já na baixa “era galáctica” da primeira gestão de Florentino Pérez do Real Madrid. O “rei das pedaladas” era mero atrativo para a torcida em meio a um punhado de galácticos em decrepitude física (Figo, Ronaldo, Zidane, Beckham), formando um time não competitivo. Na Europa, Robinho nunca escondeu seu objetivo de ser “melhor do mundo”, antes de vencer qualquer título importante como Libertadores, Champions League, Taça UEFA, Mundial de Clubes ou copa do mundo.

No Santiago Bernabéu, Robinho foi “peça de máquina” do Real Madrid em reformulação comandado por Fabio Capello e, já sem Perez na presidência. Foi bi-campeão espanhol em 2006/2007 e 2007/2008 mas não foi o elemento fundamental do time. Como protagonista em Madrid, Robinho só é lembrado por ser o astro principal da coletiva estapafúrdia, onde anunciou que estava insatisfeito, por volta de 2008. Um jogador infeliz no Real Madrid estará feliz onde?

No começo de 2009, Robinho foi contratado por cerca de 40 milhões de Euros pelo Manchester City, iniciando a gestão de valores vultuosos que vemos nos dias atuais. Sua passagem pela Premier League foi nula e culminou em empréstimo para o Santos, no primeiro semestre de 2010. Sem jogar, Robinho precisava estar visível aos olhos de Dunga, que o levou para o Mundial 2010.

Na seleção e depois

Robinho jogou dois Mundiais, em 2006 e 2010. Na Alemanha há oito anos atrás era suplente. Em 2010 até teve bons momentos tendo se tornado o jogador de talento da confiança de Dunga. Foi protagonista na conquista da Copa América 2007 quando Ronaldinho e Kaká pediram dispensa. E não foi mal no Mundial da África do Sul quando o Brasil foi eliminado nas quartas de final pela Holanda.

Porém, depois daquela copa Robinho seguiu desvalorizado. Chegou ao Milan no começo da temporada 2010/2011. Durante as negociações entre Milan e Barcelona para então adquirir Zlatan Ibrahimović, o nome de Robinho foi ventilado publicamente pelo próprio dirigente rossonero Adriano Galliani. Brigado com o treinador catalão na época Pep Guardiola, Ibrah se via sem espaço e o Milan finalizava a negociação com a diretoria blaugrena na Catalunha (Espanha).

Ao passo que os rumores sobre o acerto com Ibrah ecoaram pela imprensa, Galliani afirmou que estava negociando com Robinho. Ao saber do suposto interesse do Milan em Robinho, o Manchester City reduziu a pedida de 40 mi a pouco mais de 10 milhões de Euros. O Milan anunciou-o nas últimas horas do fim da janela de transferências do verão 2010.

O único título relevante conquistado por Robinho em Milanello, foi a Série A italiana 2010/2011. Ibrahimović foi o protagonista supremo naquela temporada e o “rei das pedaladas” dividia espaço com Cassano, Alexandre Pato, Ronaldinho Gaúcho, Inzaghi já em fim de carreira e o próprio Ibrah. Os investimentos referentes àquela conquista foram os últimos feitos pelo dono do clube Silvio Berlusconi, ainda como primeiro ministro italiano. Antes das pendengas judiciais com as quais ele convive hoje em dia.

A passagem de Robinho pelo Milan personificou o vazio de seus dizeres ao chegar em Milão: “no Milan dá pra ser melhor do mundo sem sair do banco”. No continente europeu, Robinho pedalou, pedalou e não saiu do lugar. Robinho é o retrato da perspectiva cretina que os boleiros brasileiros por vezes demonstram. Seu estilo de jogo, sem visão de jogo, individualista representa a contraditória virtude da habilidade individual em detrimento do jogo coletivo.

Faltaram craques à seleção brasileira em 2014. Robinho aos 30 anos se fosse mais profissional, teria sido um desses craques que faltaram.robinho (2)

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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