Itália + Japão = 7 gols!

Não vi a estreia da Itália e como aqueles que puderam ler o último post, perceberam, acreditei que o Japão não mostrou o que poderia na estreia contra o Brasil. No entanto, após dois dias de protestos que pararam e ainda param o Brasil, vimos o melhor jogo da Copa das Confederações até aqui. Itália e Japão atuaram em Pernambuco, no Recife, onde apesar dos gastos, de alguma forma a arena de Recife será utilizada.

Segundo uma leitora deste 90 Minutos, fiquei sabendo que é o Náutico quem “herdará” a gestão do estádio que com certeza abrigará apresentações de Santa Cruz e Sport também. Toda a verba dos estádios poderia e deveria ser aplicada em saúde, educação, serviços públicos? Sim. Mas nem tudo é “elefante branco”.

O Japão de Alberto Zaccheroni saiu na frente fazendo 2×0 no primeiro tempo (placar final Itália 4×3 Japão). Mostrando padrão tático e organizações que a seleção brasileira não possui. E mais, bola de pé em pé e jogo envolvente próximo do que a Espanha faz.

Sim, a qualidade dos atletas espanhóis é superior, mas a proposta não é tão diferente. Ok, o pênalti supostamente cometido por Buffon não existiu. Mas os japas se aproveitaram da postura italiana, de segurar o jogo com Aquilani no meio entre De Rossi e Pirlo. Prandelli sacou o meia da Fiorentina, tão logo primeiro o gol japonês saiu. Conter a bola naquele setor com meias de criação seria por demasiado “kamikaze”, pois a Itália abdicou de um “interditor” ou volante típico, certo? Errado!

Quem completa o meio campo italiano, não é um Gattuso e sim Montolivo. Prandelli lançou o time a frente. Particularmente, entendo a necessidade de Felipão de manter um Fernando ou um Luiz Gustavo fixo na cabeça de área. Em grande parte, é porque Marcelo desarma muito mal. Não é o caso da Itália, onde os laterais não se destacam em demasia da linha de 4 zagueiros.

Giovinco veio a campo no lugar de Aquilani, deixando a Itália ainda mais ofensiva. E veja só, estamos falando da Itália. Tanto a Itália quanto o Japão mostraram-se em desenhos táticos contemporâneos, 4-2-3-1 onde os meias ofensivos da linha de três, podem alternadamente se projetarem pelos lados ou pelo centro.

Na azzurra Giaccherini tem feito boas apresentações, projetando-se pelo lado direito. Giovinco possui mais características de segundo atacante e projetava-se pela esquerda. A frente, Balotelli é o homem referência que o Brasil não tem.

No caso do Japão, Okazaki personifica bem a moda atual do “falso centroavante”. Trata-se de um camisa 9 que vimos tentando acertadas jogadas de efeito entre marcadores italianos, próximo ao círculo central. Bem longe da grande área onde Fred tem assistido a Copa das Confederações de ângulo privilegiado, pela seleção do Brasil.

Na linha de três meias ofensivos do 4-2-3-1 japonês, Honda, que realmente destoa do perfil tipico de jogador “japa”, pode avançar pela esquerda. Kagawa se projeta pelo meio. Com a posse de bola, pode-se ter um 4-4-2 com Honda ou Kagawa compondo segundo atacante com Okazaki. São os outrora ingênuos japoneses treinados por um italiano das antigas, Alberto Zaccheroni.

No fim a tarimba dos italianos fez a diferença. Mas, estamos mesmo falando de uma seleção de tradição historicamente defensivista, e de uma seleção outrora sem tradição?

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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