Juve escolherá entre marca ou funcionalidade

Atacante que parte do meio-campo...a Juve com Aguero

O noticiário da semana no mercado italiano gira em torno da Juventus. O clube está nos momentos finais de concluir a contratação de um superstar do futebol espanhol,  o excelente Sergio Agüero, para acompanhar Quagliarella no ataque do time. Contudo, a escolha pelo argentino, se ocorrer, será mais uma tentativa de reaver prestígio do que uma aposta funcional no 4-2-4 com o qual Antonio Conte planeja reerguer o time. O que fazer? Atacante que parte do meio-campo...a Juve com Aguero

Normalmente, a opção do torcedor é pelo craque mais famoso. Agüero é disputado por times como o Real Madrid e o Chelsea e significa uma prova de força da Juventus que mais do que tudo, vem combalida pela sua dificuldade em reaver sua posição na elite do futebol mundial. O argentino é mesmo um craque e provavelmente não fracassará. Entretanto, seria uma contratação na casa dos €40 milhões, o que limitaria a chegada de novos reforços.

Com Vucinic...uma Juventus mais "conteana"Taticamente,  cria-se não um problema, mas um fator dificultador. Conte está estruturando o time para jogar num 4- 2-4 incomum para os dias de hoje, mas funcional á medida em que seus times tem a volta dos dois externos com freqüência para encostar nos medianos e fechar os espaços. Nessa ótica, Agüero terá de alterar o seu modo de jogo, que prediz um atacante mais forte na frente e dá liberdade para ele buscar a bola mais atrás, em vez de um parceiro que atue mais ou menos na mesma altura do campo que ele. Nem Quagliarella é esse homem de frente nato, nem Agüero joga assim em Madri, onde Forlán dá a ele a profundidade de campo que ele precisa.

Uma outra negociação da Juventus parece fazer muito mais sentido sob todos os aspectos. O subvalorizado Vucinic está de saída da Roma, e é muito mais indicado para um time que pretende jogar sem centroavantes fixos e com dois atacantes que se alternam na mesma função. Vucinic gosta de partir da esquerda para dentro da área, preferencialmente se tem um jogador um pouco mais à frente. Tecnicamente, é um atacante excelente e mesmo sem o hype mediático de Agüero, teria até mais condições de implantar o esquema de Conte sem mudanças profundas. Isso tudo, por um preço que deveria girar em 30% do valor pedido pelo argentino.

Um bom técnico não se prende a esquemas, dirá o observador que prefira a chegada de Agüero, e é fato. Trabalhar amarrado a uma formação é não-raro um sinal de insegurança. Mas no caso, a Juventus está sendo remontada. Mais que isso: refundada. A contratação de um jogador por dezenas de milhões de euros mexe com os brios dos jogadores que já estão lá e ainda joga  mais responsabilidade sobre ele. “Sugiro a Marotta [diretor de futebol da Juventus] que não compre os melhores jogadores, mas sim os jogadores adequados ao estilo de jogo de Conte”, observou Arrigo Sacchi numa entrevista dada à Gazzetta na semana passada. Sacchi acha, com  razão, que entregar a Conte um jogador que não seja ideal para seu esquema, não só dificulta sua entrada no time, mas diminui sua força junto ao elenco.

 

 

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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