Futebol no Brasil, fraudes em campo e no banco

O futebol brasileiro deste ano teve muito mais a ser comentado por conta de corrupção, banditismo, Ricardo teixeira, Andres Sanches e afins do que do jogo em si. Neste último, somente o Santos foi digno de nota por ter chegado à final da Libertadores, apesar de Wagner Ribeiro, DIS, DNA ofensivo e outras bobagens. Mas nas últimas semanas, algi mais aconteceu. Claro, com muito mais bobagens do que qualquer outra coisa.

Primeiro, a Copa do Brasil. O torneio foi vencido pelo Vasco, mas só porque o clube está arrendado para um empresário, que (por coincidência, claro), é praticamente sócio da CBF via Mano Menezes. O título talvez tenha matado a dor do vascaíno que nos últimos anos esteve mais habituado à botafoguização de seu time do que propriamente de torcer, mas não se trata de um renascimento, de forma alguma. O clube continua enterrado em dívidas, não revela jogadores à altura do clube e é pouco mais que um entreposto de compra e venda. Ah, sim e a cultura de gestão euriquiana não parece nem um pouco morta em São Januário. mas lembremos: estamos num país em que leis que assaltam a população são levadas na boa, pois o povo não liga de ser roubado se estiver recebendo sua esmolinha. Por que então o vascaíno revoltaria-se contra o que fazem com o clube?

Segundo, outro carioca, o Fluminense. O clube apresentou o “corajoso” Abel Braga como se estivesse apresentando José Mourinho. É um tiro n’água, cuja única chance de funcionar está na incompetência da concorrência e no dinheiro do mecenas do clube dono de um plano de saúde. Abel é tecnicamente sofrível, tem uma gestão de imagem que o mantém entre os grandes técnicos do Brasil depois de ter vencido uma Libertadores com um time montado por Muricy. Se ele for mesmo um treinador de primeira, levará esse Fluminense a disputar pelo título e eu darei a mão á palmatória. Exceção feita ao período da Libertadores do Inter, Abel tem uma carreira ridícula. É isso que o Fluminense contratou.

No campo, mais do que o começo de campeonato do São Paulo (que certamente oscilará muito, uma vez que times jovens oscilam em 100% dos casos), estou admirado com a postura de Luiz Felipe Scolari. Mesmo comandando um clube que tem uma diretoria frouxa e sem coragem, um conselho que na média tem um QI digno de pena, Scolari, deu um murro na mesa em relação à DIS, que se comporta como uma sequestradora. No dia em que os presidentes de clubes tiverem colhões e abrirem mão de negociar com esse tipo de empresa, talvez eles possam sair de suas penúrias, Até lá, terão de viver com estádios demolidos e ratos em vestiários. Que, aliás, nem deveriam incomodar tanto. Talvez pela falta de apoio dirigencial, Scolari ainda está longe do treinador capaz de fazer times extremamente competitivos, mas pelo menos já demonstrou que tem mais dentro das próprias calças do que a maior parte de todo o conselho do clube.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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