Milan-Inter, quase uma final do Italiano

Chegamos à véspera do jogo mais importante do ano na Itália com a expectativa dentro do normal. Apesar de líder, o Milan vê na rival uma vantagem psicológica e técnica considerável. Classificada para as quartas da LC, a Inter ainda pode ganhar tudo. Além disso, o Milan não tem Ibra. Uma vitória interista dá fôlego para disputar a Europa como líder Por isso mesmo, o jogo de amanhã tem peso para desequilibrar quem o perder.Uma imagem do derby da Madonina, mas com a Inter mandante...

A folga forçada de três semanas certamente há de ter dado ao centroavante sueco o descanso que lghe foi negado desde o começo do campeonato. Assim, se ele não se esconder atrás de sua insegurança em jogos decisivos, pode ser o homem a mais na reta final do campeonato, especialmente com o Milan dedicando-se exclusivamente ao campeonato. Mas se a Inter estiver na frente, a perssão cresce em cima dele e reforça-se a tendência de Ibra não render.

Justamente por isso é que a situação de pressão – Inter embalada, Ibra suspenso – dá ao Milan a oportunidade de jogar o clássico sabendo que uma vitória pode reverter totalmente a situação, fazendo a Inter receber o Schalke consciente de ter se complicado no Italiano. A vantagem milanista é que tem um time titular que gosta de jogos sob pressão. Na partida de ida contra a Inter, Seedorf fez seu melhor jogo na temporada. Gattuso, Nesta, Boateng e Flamini são igualmente dados a se exceder em partidas difíceis.

Na Inter, mesmo com a superioridade de elenco claríssima, as ausências de Samuel, Lúcio e Chivu indubitavelmente reforçam a insegurança defensiva. Leonardo deve preferir manter um vértice alto controlando a bola em Sneijder justamente para não manter o ataque milanista em posição de tiro. A necessidade de controlar Sneijder faz pensar que Boateng deva ter espaço na linha média para atacar o holandês. Sem Ibrahimovic, a lógica faz com que Pato seja o primeiro atacante, com Robinho buscando o jogo e o ganês voltando para pegar Sneijder na recomposição do meio-campo como um segundo cabeça-de-área.

Pirlo e van Bommel serão cartas na manga de Massimiliano Allegri dependendo do andamento do jogo. O regente italiano não tem pernas para o jogo todo e deve ganhar um lugar no segundo tempo. Van Bommel também pode ter um lugar na segunda etapa ou na cobertura de uma lesão. Na Inter, todos os setores têm boas reposições, menos na zaga central, onde somente o risível Materazzi pode levantar de sua catacumba em caso de necessidade. Seria até mais seguro para Leonardo ter Cambiasso recuado, com Zanetti indo para o meio-campo e Nagatomo na esquerda do que Materazzófis I disputando a bola com Robinho.

E falando em Leonardo, claro que ele será o grande nome do clássico. Ele pode esperar uma recepção de vilão em San Siro, e não sem razão. Não adianta falar em profissionalismo ou algo assim: sob o prisma de um torcedor, ele traiu aviltantemente a metade rossonera de Milão por conta de sua rusga com Silvio Berlusconi. Menos de seis meses antes de assumir a Inter, ele tinha, não só dito que não voltaria a ser treinador (a menos que fosse da Seleção Brasileira) como que jamais trabalharia na Itália de novo, a não ser no Milan. Se for tratado como um cão, Leonardo não poderá se lamentar e, sabendo disso, ele deve estar com o sangue na garganta para humilhar um San Siro lotado pela primeira vez.

Prováveis formações:

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
Top