Pela primeira vez, um SP candidato…

Quando o São Paulo venceu nos pênaltis o Universitario de Lima – um time fraco mas que sabe se defender – algo aconteceu. Não foi uma guinada técnica, mas a celebração injetou no Tricolor uma aura que aparece em times verdadeiramente dispostos a ganhar um título. Não é segredo que o São Paulo queria vencer a Libertadores e encerrar o ano, para iniciar 2011 ainda em 2010 em Tóquio. E o jogo do Cruzeiro mostrou isso.

Primeira coisa: a chegada de Fernandão. Washington perdeu espaço. Não tecnicamente, mas no grupo. Todas as brigas do clube nos últimos 18 meses passaram por ele. Fernandão dá ao time a oportunidade de deixar o goleador no banco. Fernandão não joga de centroavante, apesar diga-se isso frequentemente dele. Seu papel é o de atuar prendendo a zaga e se a zaga bobear, daí ele veste a responsabilidade de centroavante. Os dois passes que ele deu no sucesso fundamental em Belo Horizonte provam isso. Ricardo Gomes pode jogar ou não com Marlos e Dagoberto. Se preferir, pode por mais um atacante e o time ainda funcionará. E mesmo Marlos, às vezes se veste de atacante.

A segunda mudança foi a mesma que Gomes fez no ano passado. Chegou e exigiu o 4-4-2 brasileiro com laterais apoiando e dois volantes, um esquema que depende de uma superzaga e dois medianos muito resistentes. Ontem, entregou-se ao 3-5-2 disfarçado e o time foi outro. Com Hernanes e Rodrigo Souto à frente da zaga “tripla”, Marlos alternou o papel de trequartista e atacante (como por exemplo no lance do primeiro gol). Fernandão atraiu a marcação (como fazia, com muito menos técnica, Aloysio). Ricardo Gomes reencontrou defesa e ataque ao mesmo tempo, graças ao “abandono” do 4-4-2.

O SP passou a ser favorito?Ainda acho que não. O equilíbrio entre os times que restam é grande, exceção feita ao Flamengo que visivelmente é um antro de vaidades, brigas políticas e falta de liderança – o FF (Fator Flamengo) está de volta. Mas pela primeira vez no ano, o time do Morumbi se apresentou como candidato “sério”. O Ricardo Gomes do 4-4-2 estava fadado à demissão. esse, mais sensato, pode reescrever um futuro que parecia definido.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.

9 Comments

  1. Essa história dos laterais daria trocentas linhas. Sabe quem eu considero um dos responsáveis diretos pela ofensividade dos laterais brasileiros? Ele mesmo, Telê Santana, e sua extinção dos pontas na Seleção. Sem os pontas, havia o espaço que os laterais tinham que aproveitar para haver jogo. Com isso, houve a necessidade de escalar dois volantes à frente da zaga para cobrir os avanços dos caras. Com o tempo, um deles foi recuado e se tornou o famoso terceiro zagueiro.
    Particularmente, considero esse o maior defeito tático do nosso futebol. Infelizmente, a cultura do 3-5-2 se entranhou nas escolinhas e vai demorar para isso mudar.
    Abraço.

  2. O Junior Cesar não pode jogar de lateral. É ala ou ponta. É bom no apoio e patético na defesa. Não é mal, mas só pode jogar no 3-5-2 ou no 4-4-2 em linha. Talvez viarsse um bom meia. Na lateral, é um grande reforço para o Vojvodina Novi Sad B. abs

  3. Até onde eu sei:

    1) um intermediário entre “Kéit” e “Káit”
    2) De Zúuw
    3) Matáicen

    mas não tenho certeza. abs

  4. O 3-5-2 é ideal para os brasileiros jogarem porque há poucos laterais bons defensivamente. Se o SP contratar um cara que realmente saiba defender e tiver tempo para treinar, pode montar outro esquema. Ou seja: ainda veremos o esquema por algum tempo. Quanto ao Flamengo, é o Fator Flamengo. Grandeza e doença na mesma coisa. Como a música da Fernanda Abreu, “Rio 40 Graus”. abs

  5. O 3-5-2 se transformou em dogma no SPFC. Parece que não há outra maneira de se jogar. Todavia, embora seja um esquema em desuso, o time se sente mais confiante dentro dele. Os jogadores parecem acreditar que, se deu certo um dia, dará certo outra vez. E isso tem muita influência no futebol.

    Enquanto isso, o Flamengo voltou a mostrar sua atávica vocação para a bagunça. Esse, antes de qualquer outro, sempre foi o maior problema do rubro-negro.

  6. Desculpem o off-topic..

    quais são as pronuncias corretas?

    Kuyt= “cuit” ou “cait”

    De Zeew= “de ziu” ou “de zéu”

    Mathijsen= “maticen” ou “mataicen”

    ?

  7. A comparação Fernandão = Aloisio com ‘menos técnica’ me veio a cabeça ontem também. Não acho que seja por acaso pq tanto um quanto outro se adaptaram na França a este tipo de função. Fernandão jogou no (O.Marsella e Tolouse) e Aloisio no PSG na época de Ronaldinho e Anelka.
    Abs!

  8. “Fernandão não joga de centroavante, apesar diga-se isso frequentemente dele.”

    finalmente alguém fala o que acontece…

  9. Partida monumental do Hernanes e performance simplesmente pífia do Gilberto.

    Faltou você dar os créditos devidos ao – pasme! – Júnior César. O Jonathan jamais ficou livre para bater com o Richarlyson. Ele e o Hernanes vigiaram bem o lateral cruzeirense e o Marquinhos Paraná.

    No lado do Cruzeiro o Gilberto esqueceu o Cicinho no lance do gol. Naquele imediatamente anterior, quando o Fábio sai do gol e coloca uma bola lançada pelo Marlos para a lateral, ele estava atento, mas depois de cobrado o lateral, ele deixou o sãopaulino ir sozinho até a linha de fundo. O Diego Renan também bobeou, mas a responsabilidade de vigiar o Cicinho era do Gilberto.

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