Cartas marcadas

Um amigo que costuma ser bem informado sobre o que acontece dos dois lados de um muro na Barra Funda, me disse uma coisa sobre Scolari e o São Paulo. Já se suscitou a possibilidade de ele de fato ir ao São Paulo, mas a novidade está no que ele disse a mais. Há algo verde que pode interferir na tentativa Tricolor de substituir Ricardo Gomes.

Segundo esse amigo, o que acontece é que Scolari estaria nos planos de pessoas de uma das facções palmeirenses da política do clube (que, diga-se, têm um olor particular) para retornar ao poder. Assim, já num contragolpe a algo que não aconteceu, também a situação estaria se movendo para contatá-lo para uma possívubstituição a Antonio Carlos. Ou seja: Zago está vendido no lance.

Ricardo Gomes não está muito melhor, segundo ele. O São Paulo (leia-se, a diretoria) gosta dele, mas entende que o elenco, apesar de respeitar seu trabalho, não se sente intimidado o suficiente, algo que seria fundamental para tirar o melhor de um elenco considerado bom para vencer Brasileiro e Libertadores. Ou seja: ou Gomes vence a Libertadores ou está fora, dadas as atuais circunstâncias.

Scolari seria o homem necessário para recolocar o São Paulo na trilha criada por Muricy, a de um time bom que joga mais do que pode graças à coesão e dedicação. Nada de murmúrios de atacantes contrariados que pouco fazem ou de laterais chorandinhos o status de Seleção perdida. Com o gaúcho, entendem os tricolores, o time remaria para um lado só com um ou dois cortes. E o clube retomaria a ponta perdida no país.

Leitura Tricolor: acho pertinente a ponderação dos diretores. Felipão é respeitado pelos jogadores pelas suas conquistas, algo que Gomes não é. O São Paulo reagiu no ano passado porque os jogadores queriam provar que Muricy estava errado. Agora, é difícil saber o quanto esta vontade existe. Times sem comando forte (leia-se, reino pelo medo), relaxam após conquistas. É só ver o Flamengo, caso haja dúvida.

Leitura palestrina: a luta política no clube é intragável. Todos os participantes (ou quase) acham que têm a chance de tirar uma casquinha. Luiz Gonzaga Belluzzo é nobre demais para este tipo de gente. O clube tem um ministro da justiça quando precisaria de um delegado de periferia. O Palmeiras tem o suficiente para vencer, mas luta com uma cultura política baixa e egoísta. Scolari não teria desta vez a Parmalat ao seu lado e o poder está fragmentado. Política é realmente algo sórdido. vejamos o que acontece.

PS: ao escrever estas linhas, não sabia da demissão de Zago. Pelo visto, meu amigo estava certo…só adicionaria que agora, acho que a ofensiva palmeirense vai tomar a dianteira do São Paulo.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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