100 nada

Hoje o Corinthians amanheceu com um sabor na boca que já conhecia. O de pensar que poucas horas antes, ainda tinha chance de encerrar o jejum eterno de Libertadores. Hoje, dificilmente alguém vai apontar o dedo para Andres Sanches, especialmente na imprensa, assim como ninguém vinha dizendo que o time apresenta futebol patético. Mas deveria, porque Sanches tem culpa e o time joga futebol de 9o. colocado no Brasileiro.

Não cabe falar sobre o jogo. O Flamengo passou, jogando mal e contra um time ruim e mal montado. Ronaldo é uma sombra e 80% dos “craques” do Corinthians são sobrevalorizados (coisa que também ocorre no São Paulo, diga-se…e no Flamengo e em quase todos os “grandes” brasileiros). A desclassificação do Timão é importante porque a Libertadores do Centenário era a base política de Andres Sanches.

O presidente do Corinthians tem todos os elementos de um político populista. Fala errado, alinha-se como “povão” mas tem vida de milionário (e pensa como um, especialmente na hora de adequar os preços do Corinthians para a torcida, vide ingressos a R$650), faz provocações baratas e está se aliando ao pior tipo de gente possível para construir a própria imagem – não a do Corinthians e sim a dele.

Sanches fala da Libertadores do Centenário desde o primeiro momento em que assumiu o clube e por isso, a derrota do Timão é dele, mais do que de qualquer um. O elenco deste ano é caro, desequlibrado e de qualidade dúbia. Tirando Roberto Carlos, que ainda é um grande jogador, todo o resto não fez nem fará diferença. Ronaldo deve estar com uns 105kg e imprensa e clube insistem em dizer que ele tem o mesmo peso do ano passado. Estamos em maio e o Corinthians não jogou uma partida bem em 2010. A menos que se monte e desmonte o time, o Brasileiro com uma vaga na Libertadores já será equivalente a um título de Libertadores.

A sensação que se tem é a de que Sanches não está só lapidando a sua carreira política no Corinthians, Cria menor de Alberto Dualibi, ele dá sinais de que quer seguir vôos mais altos na classe política. A base corintiana é um bom alento em termos de eleições. Um espaço no PT, também. A imagem na mídia idem. Sua função de dirigente, contudo, não me convence. A gestão do Corinthians é mediática. À parte a contratação de Ronaldo, o Timão voa sozinho nas asas da torcida. A imprensa é conivente porque afaga Sanches ao invés de questionar contratações, dívida, rendimento de jogadores e etc. O Brasileiro que começa em alguns dias é uma tarefa hercúlea para qualquer clube. O Corinthians precisa de trabalho, não de mídia. Falou-se em Zidane, Trezeguet, Riquelme, Lucas e Ronaldinho Gaúcho. Se chegar alguém do Santo André, será muito.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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