No ano passado, “apareceu” Defederico. Ninguém conhecia, mas era um craque. “Ouvimos ótimas referências deles na Argentina”, disse o narrador João Palomino, da ESPN, num programa da emissora. “É o herdeiro do Messi”, sugeriu um outro jornalista. Era um craque. Muito melhor que o Riquelme. Um gênio.
Agora, constatado da maneira mais difícil que o time do Corinthians foi sobrevalorizado desde a conquista da Copa do Brasil (constatação essa que se fará com o elenco do São Paulo se esse for eliminado da Libertadores), começa-se a “faxina”. Entre os “culpados” pela eliminação está Defederico, que pode deixar o Parque São Jorge. E aí? Perguntas que ficam para a história:
1) quem inventou que Defederico era esse jogador assombroso? Descoberto o autor da afirmação, qual a explicação por ele não ter jogado absolutamente nada no Timão?
2) Quem ganhou comissão no negócio?
3) Se Defederico era tão craque, porque jogava no modesto Huracán e não no Boca ou noutro time maior da Argentina?
3) Por que razão os clubes da Europa passaram a temporada passada inteira tentando comprar seu companheiro de Huracán, Pastore (que foi ao Palermo por bem R$15 milhões) e Defederico nunca esteve cotado?
4) Ele é tão ruim que não possa ficar num elenco no qual nenhum jogador demonstrou nem momentos de brilho?
5) Que cazzo estava fazendo a imprensa no momento em que a diretoria do Corinthians chegou com o jogador, dizendo que ele era um gênio sem que nenhuma alma a questionasse?
As respostas ás perguntas não são difíceis de formular. São difíceis de responder. Ao que me consta (jamais acompanhei de perto a carreira do meia, mas tenho contatos que o fizeram), Defederico não é Messi (não é nem Pastore), mas pode servir muito ao Corinthians e creio, chegar até a ser vendido para o exterior. Contudo, num elenco com 14 meio-campistas – todos sobrevalorizados – é difícil que algum consiga jogar o bastante para se colocar à mostra.
Ainda respondendo às perguntas acima, os agentes envolvidos na negociação já receberam seu dinheiro, Defederico não jogava no Boca porque não é tão bom quanto supunha a Fiel, Pastore é muito melhor que ele (por isso foi para a Itália) e a imprensa ficou quieta porque questionar um jogador (que não se conhece) causa irritação no torcedor, que na maioria esmagadora das vezes só sabe ouvir o que quer. Ou seja: ninguém ia dizer que o argentino era um meia-boca porque, além de não conhecê-lo, ainda corria o risco do cara estourar e ter de aguentar tiração de sarro. Nisso, o torcedor também tem culpa. Porque quando alguém critica seu time, é preciso saber ouvir. Bons jornalistas acertarão mais que errarão, mas não podem ser ameaçados a cada vez que critiquem alguém.
Não é preciso dizer quem é que vai pagar a conta (torcedor corintiano) pela má gestão da questão, né? Todos os outros (Defederico, agentes, Huracán, Riquelme, Andres Sanches, jornalistas – bons e ruins – já tiveram algum tipo de lucro na estória. É uma cantilena que não muda nunca…
Dois pontos no que toca à minha categoria: os jornalistas brasileiros, 99% deles, não acompanha futebol fora dos “grandes” da sua cidade (cariocas no Rio, paulistas em SP, Mineiros em BH, etc). Futebol internacional é um grande escuro para eles. Quando alguém cantarola que tal cara é craque e vem pro Curíntia ou pro Mengo, é gênio. Os jornalistas brasileiros são, de um modo geral, preguiçosos e mal-informados. Tem um cidadão, que trabalhava numa emissora e agora está na concorrente, que antes do debate semanal, entrava na Internet na redação, pegava meia dúzia de informações e fazia seus “comentários”. Esse não sabe quem é a bola. É capaz de ficar horas versando sobre o nada, mas conhecer o assunto mesmo, nada. É um Enrolator Tabajara. E está longe de ser o único. abs
A imprensa que sobrevalorizou este time do Corinthians é a mesma que bradava pela MSI e por Kia – e quando a verdadeira intenção destes veio à tona, fingiu que não era com ela. O final da história todos nós conhecemos… Parece tão simples, mas é complicado tirar a audiência desses gaiatos. Pelo menos de parte do torcedor mais ignorante. Aliás, este é um típico problema brasileiro: para quê botar o dedo na ferida se dá pra se enganar com oba-oba?
(…) que ele sofre bastante contra jogadores velozes, como o Tiago Ribeiro. Veja bem, está escrito Tiago Ribeiro… E não Messi, Pato, Higuaín etc.
O problema, creio eu, nem é a avaliação inicial feita em cima do talento – ou da falta dele – que o cara possui. Errar todo mundo erra. Paciência. E todo mundo está livre para externar livremente a sua opinião.
A questão é que tem muita gente na imprensa que diz uma coisa hoje e seis meses depois muda completamente de opinião e tenta passar a ideia de que estava certo desde o começo.
O último e absurdo exemplo é esse uruguaio Coates. No U-20, no ano passado, teve comentarista que elevou o cara ao Olimpo. Agora, contra o Cruzeiro, depois de dois jogos simplesmente pífios, gostaria de ver a opinião do cara.
Como ele ainda é bastante jovem, será preciso um pouco de paciência. Mas parece bastante claro q
quanto as perguntas, eu me fiz exatamente a sua pergunta 3, quando começaram a comentar sobre ele, pq se ele era tão bom, porque não se via especulação de clube algum nele, como teve pelo Pastore e Toranzo por exemplo…
por alguns jogos que vi dele no Corinthians, e nas rodadas finais do Argentino q o Huracán brigou com o Velez, parece ser um jogador útil, mas nada do genio todo q se falou…
Eu acompanhei o Defederico na brilhante campanha do Huracán (que foi operado pelo juiz) antes de chegar ao Corinthians. Me parece um bom jogador, mas só tem 21 anos, o que mostra irregularidade. Na época, muito se chiou com a saída dele do Huracán, que atrasava salários e não tinha uma visibilidade grande para que ele pudesse jogar no exterior. Chegou a jogar um daqueles amistosos de convocações megalomaníacas do Maradona, fazendo um gol – até bonito – na partida.
Se for dispensado, sinceramente, será burrice do Corinthians. Acho que vale esperar um pouco mais pelo futebol dele. Contudo, acho que faltou planejamento ao contratá-lo: ele nunca foi aquele meia que o Corinthians tanto sonha. Não é um Alex, um Riquelme ou um Iranildo (esse foi um dez inesquecível do Flamengo, infelizmente). É um meia que joga mais para a esquerda habilidoso que chega para finalizar, mas não para organizar. Impuseram uma tarefa a ele que lhe era devida.
É isso aí.