O patético episódio do jogo do Corinthians na tarde desta quinta-feira é representativo da “nova” gerência corintiana. Andres Sanches, presidente do clube, em todas as entrevistas ou comentários que dá, posa de moderno, de revolucionário, assume uma postura de baluarte da justiça que tirou o clube das garras de um dirigente quase senil. Ele raramente fala do fato de ter participado ativamente da gestão anterior, tendo abandonado o navio só em seus últimos suspiros.
Nesta quinta, o palco foi de um evento tipicamente corintiano “das antigas”. O torcedor, tratado como um cão, sofre para ver um jogo – e não vê. No caso, Sanches teve um papel preponderante no processo, de fato. Graças a ele, se a organização do evento lembrou os melhores tempos de Wadih Helu, ontem, os preços dos ingressos estão muito mais caros. Ele e sua diretoria de marketing, no entanto, não conseguem organizar a venda de bilhetes na porta de estádio, algo que a organização de qualquer quermesse no interior consegue. Ontem, nada dos R$40 milhões de patrocínio, nada da camisa que parece um puff de zona, nada das contratações zilionárias, nada dos agentes que colocam e tiram jogadores do clube. Só confusão no pior estilo do futebol brasileiro.
Para emendar a tarde de marketing somaliano, uma declaração do responsável pela arbitragem no Paulistão, um policial militar que tem tanto conhecimento do esporte quanto qualquer dos coitados que foram para casa impedidos de pagar um valor ridículo de alto pelo ingresso de um jogo que tecnicamente foi um lixo. Ele diz: “o povo gosta de ver o jogo é depois da novela”. Assim, justifica um fracasso, endossa a grade de horários da emissora que tem o futebol como refém e ainda coloca a culpa do vexame em quem sempre se ferra: o povo. Esse povo é realmente terrível.