Comentando a seleção: Thiago Silva

O ex-jogador do Fluminense certamente seria uma contratação num time apostando para o futuro. “Mas ele já é uma realidade, um monstro”. Menos. Thiago é um grandíssimo, certamente, mas ainda carece de maturação. Ele é muito rápido para a posição, tem grande impulsão e se posiciona bem, mas ainda é mediano quando rege a defesa, prefere a caça ao adversário à cobertura e às vezes é atacado pelo vírus nefando da “lucite” (doença do zagueiro Lúcio, que anima-se indo ao ataque em busca de glórias deixando a defesa desguarnecida). Sorte do Brasil que Thiago Silva ainda se acha Thiago Silva, enquanto Lúcio se acha um Beckenbauer melhorado.

Ele não é um gigante (1m83), mas tem só 79 kgs (de músculo e não peso “de retenção hídrica” ou bobagens afins). A configuração dá a Thiago uma condição espetacular de se recuperar na velocidade indo buscar o rival. Com a sua técnica (poderia tranquilamente ser um jogador de meio-campo), garante boa saída de bola e até ajuda ao meio e ataque com a posse de bola.

O ponto fraco de Thiago se vê quando ele não joga ao lado de Nesta. Dirão os tricolores cariocas que no Brasileiro e na Libertadores ele era um monstro. Sim, verdade, mas os dois torneios não só têm um nível técnico inferior como (e principalmente) um ritmo mais baixo. Em Portugal e Rússia, não exatamente dois campeonatos dificílimos, ele foi modestamente. Mesmo no Milan, ele joga muito mais quando tem Nesta como tutor, porque o italiano é um monstro na regência da defesa. Se Nesta tiver condição física de jogar mais uma temporada, Thiago tirará grande vantagem. Tem tudo para vir a ser o melhor zagueiro do mundo.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
Top