Porque o futebol italiano faliu, por Fabrizio Bocca

Após a noite terrível de Old Trafford, após os gols de Wayne Rooney parar o Milan, com três das quatro equipes italianas já desclassificadas na LC, aqui estão dez razões para a discussão em torno da crise no futebol italiano em si. E sem pensar que, se a Inter se classificar na semana que vem, os problemas estão todos resolvidos. E também sem usar como desculpa o fato de que mesmo que o Real Madrid, que gastou 200 milhões de euros para reforçar em si foi eliminada, no seu conjunto não é um crime acontecer para nós. A Itália fracassa na Europa há três anos.

1 – Temos um futebol velho e exausto, apostando em ex-jogadores em atividade, que já foram grandes mas não são mais. Del Piero na Juventus, Totti na Roma ou Inzaghi e Gattuso no Milan. Os grandes clubes são renovados timidamente e da maneira errada.

2 – Contrata-se mal com o pouco dinheiro que há. Beckham para o Milan faz pouco sentido, se não do ponto de vista da imagem. Clubes estrangeiros, especialmente britânicos, têm agora organizações muito melhores vide a venda de Ronaldo (que contratou Valencia) ea equipe multirracial de Wenger no Arsenal.

3 – Os clubes italianos raramente investem em jovens e os que o fazem os obrigam a anos de banco de reservas antes de dar-lhes tempo de jogo. Balotelli está sempre em discussão na Inter e Giovinco jamais teve fé na Juventus. E por aí vai.

4 – Estamos em uma crise financeira. É verdade que nós gastamos muito menos no mercado, mas também é verdade que tudo o que os compromissos com os grandes clubes ainda pagam valores muito altos, ver os grandes salários de Ronaldinho e Eto o. Nós não temos dívidas do futebol Inglês, mas também é verdade que as estruturas do futebol italiano já são velhas e inadequadas para competir internacionalmente. A loja do Man Utd vendeu milhares de camisetas de Rooney ontem a £ 65 cada uma: uma máquina de fazer dinheiro para Old Trafford, na Inglaterra e em todo o mundo. Falamos muito, mas nós vendemos nosso futebol de forma errada. Contamos apenas com receitas de TV ou quase isso. A TV, entre outros, infla o futebol em si, eliminando o estímulo e vontade de construir novos estádios, e adaptado às necessidades modernas. Os presidentes jogaram fora as oportunidades no passado. Ninguém os impediu de apostar só no dinheiro da TV e não construir estádios.

5 – Muitos jogadores e treinadores, em particular, muitos agora preferem ir para o estrangeiro nível, um claro sinal de perda do apelo do futebol italiano. O que obviamente é um pouco mais pobre de todos os pontos de vista.

6 – A Itália estúpida e inexplicavelmente menospreza a Europa League, mas mesmo com esta competição pode ser secundário a marcar pontos para ranking da Uefa. E ganhar um bom dinheiro se você chegar longe.

7 – Depois da conquista do Milan em 2007, ninguém  – federação, clubes e dirigentes – investiu em novas legislações e estruturas. Os clubes brigam entre si e não conseguem fazer frente ao futebol de fora. Todos têm os mesmos problemas: crise financeiraestádios, relações com a TV, divisões de base – especialmente fora da Série A – e assim por diante.

8 – A falta de concorrência nos últimos anos com o domínio da Inter produziu um campeonato medíocre. Os campeonatos Inglês, Espanhol e Alemão são mais equilibrados e interessantes. Estamos superados por estas escolas de futebol.

9 – Temos um futebol feio, covarde, excessivamente tático. O futebolista moderno é um mix de força física e talento, ou pelo menos resistência (Rooney, Cristiano Ronaldo, Messi, Villa, etc) e temos pouquíssimos jogadores assim.

10 – A nossa especialidade são as queixas sobre a arbitragem – no campeonato e na Liga dos Campeões. Nós fizemos do replay um totem absurdo do mal. Isso produziu uma subcultura que tende a atribuir a derrota a um fator externo, em uma conspiração e nunca fazer uma análise séria das suas responsabilidades. Em suma, temos uma cultura de derrota. E não sabemos mais como vencer.

PS: A versão original deste artigo foi publicada no jornal La Repubblica.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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