Pelé foi o Maior

Ainda que não tenha visto Pelé jogar e tenha visto toda a carreira de Maradona, nunca tive dúvidas sobre quem foi maior. Os resultados falam por si. Pelé não se compara ao argentino e agora, ainda tem uma vantagem extra. Nunca foi técnico da Seleção.

A passagem de Maradona pela Argentina será um belo epitáfio para sua passagem pelo futebol, ainda que triste, porque um jogador de sua estatura merecia algo além disso. É até possível que a Argentina se classifique para a Copa, mas o ex-camisa 10 tornou tudo mais difícil. Naturalmente, como tudo indicava, sua inaptidão para o posto de treinador é infinita. O craque sabe o que sabe por instinto, muito raramente por inteligência. Assim como o artista, não tem noção das relações sutis que utiliza para criar obras de arte.

Maradona incorre em vários erros, todos tolos, na Argentina: escalar o time como se faz uma lista de festa – ou seja, levando as pessoas mais queridas, montar uma defesa flácida, não buscar cobertura no meio-campo, não usar um centroavante. Tudo em nome do futebol “ofensivo”, uma fantasia de quem ainda não compreende que futebol é posse de bola.

A defesa com uma zaga de Heinze e Sebá Dominguez, Maradona deu somente Mascherano para a contenção – isso com Javier Zanetti, uma das maiores farsas da história do futebol argentino – numa das laterais e Emiliano Papa na outra. Gago, quase um meia, Verón com idade avançada e Dátolo, praticamente um ponta, fazem com que a “Selección” jogue praticamente como um time de Masters.

Caso pretenda fazer um time que vença, Maradona tem de pedir para sair e Bilardo – um técnico passado, mas pelo menos técnico – precisa fixar os pontos cruciais do time e escalar o resto em função disso. Messi é indispensável. É até óbvio dizer. Mas Mascherano tambem é. Aos dois, no máximo, podemos agregar Agüero. Ponto. O resto do time tem de sair daí.

Samuel precisa estar na zaga – ele é melhor do que todos os outros jogadores juntos, mesmo se estiver com as duas pernas quebradas. Demichelis não é um gênio mas é gaetano Scirea perto de Heinze. Como não tem um lateral-direito decente – acho que já mencionei que não acho Zanetti um craque – um terceiro zagueiro é fundamental para que a defesa vire defesa. Isso até abre a vaga para o correto Dátolo na esquerda do meio-campo e exigiria uma improvisação na direita, mais dedicada à contenção.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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