Já Foi

PS: o aparente cancelamento da contratação de Cissokho não invalida o post abaixo; fica claro que o Milan quer um fluidificante (defensor lateral que apoia o ataque) e não um homem de contenção como Chiellini era antes da Eurocopa, por exemplo. Pirlo disse que não sai, mas essa história ainda terá outros capítulos…

Aos torcedores do Milan que temiam pela saída de Andrea Pirlo, pêsames. O mediano – o melhor do mundo na posição – vai para o Chelsea, ainda que não haja oficialidade e que Chelsea e Milan estejam aguardando alguns dias depois da reação à saída de Kaká da Itália. As declarações do meio-campista sobre “essa ser a hora certa de uma mudança” são significativas o suficiente. Mas se a coisa parece definida,não terá sido por uma razão só.

Pirlo é certamente o cerne de jogo do Milan – até mais do que Kaká era. O brasileiro representava o craque decisivo nos 30 metros finais do campo, mas a organização do jogo era feita pelo italiano. Mesmo com toda essa importância, é preciso entender que o Milan, por decisão de seu dono, Silvio Berlusconi, decidiu que Ronaldinho é o novo homem chave. Assim, como Pato não é físico o suficiente para reger um ataque sozinho, o Milan passa a ter um esquema 4-3-3 quase que por obrigação.

O problema é que no 4-3-3, é fundamental ter três medianos forte fisicamente para compensar a leveza dos atacantes. Scolari tentou fazer isso no próprio Chelsea para onde Pirlo deve ir, com Essien suportando Ballack e Lampard e fracassou fantasticamente. Com Pirlo, um desses três já fica ocupado e mesmo com Gattuso, o setor já fica frágil demais – especialmente para quem não tem uma defesa impenetrável.

Aparentemente, a venda de Pirlo já está decidida há mais tempo do que parece. A contratação de Cissokho é uma prova disso. O 4-3-3 desse novo Milan fortalecerá o miolo do meio-campo para liberar os laterais. Um meio-campo com Gattuso, Flamini e Seedorf (ou Ambrosini) é bom o suficiente, ainda que não mais o setor ‘world class’ que venceu a Liga dos Campeões.

Além disso há o fator econômico. Raciocinando com a lógica de recuperar o prejuízo financeiro do Milan, uma oferta de €30 milhões por um jogador de 30 anos, por melhor que ele seja, é irrecusável.

Um último fator é a reformulação “teórica” do time. É claro e notório que Leonardo foi imposto por Berlusconi contra a vontade dos “senadores” Pirlo, Gattuso, Maldini e companhia. Sem Pirlo, é um homem a menos do regime anterior para causar possíveis instabilidades.

No novo formato, o jogo do Milan diminui sua dependência do jogo de passes no meio-campo, baseados unica e exclusivamente na habilidade dos seus craques, para criar jogadas pelas laterais, possibilidade de uma marcação mais asfixiante, avanço da linha defensiva, tudo girando o comando do jogo para Seedorf e Ronaldinho, com um centroavante na área (Dzeko e Borriello) e Pato buscando as laterais. É um bom time? Sem dúvida, mas como disse Maldini, não o suficiente para figurar como candidato à LC. Outra coisa: é um time de difícil manipulação tática. Tenho minhas dúvidas da capacidade de Leonardo em gerenciar esse desenho em sua primeira aventura no banco.


PS: Amanhã, tempo permitindo, este blog traz alternativas para Juve e Inter com as contratações até agora.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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