E o Brasil empolgou contra a Colômbia

Pela primeira vez em vários, mas vários anos, o Brasil começou as Eliminatórias rumo à Copa do Mundo com otimismo e entusiasmo. E não, não é somente pelo fato de estarmos defendendo o título mundial. O Brasil venceu a Colômbia em Barranquilla na tarde deste 7 de setembro com sobras, sob todos os aspectos. E até mesmo o técnico Carlos Alberto Parreira acabou sendo merecedor dos mais rasgados elogios da crônica esportiva.

Diga-se de passagem, ele mereceu. Parreira resolveu as ausências de Ronaldo Assis e Kleberson de uma maneira muito eficiente. Zé Roberto fez uma de suas melhores partidas com a camisa amarela (mostrando que evoluiu muito como meio-campista), e Alex, se não foi o mesmo craque do Cruzeiro, teve uma participação importante.

O técnico brasileiro não fez a ‘renovação’ pedida por parte da imprensa, e ainda bem. O Brasil de hoje é uma valiosa herança de Felipão, com experiência, talento e quantidade. Como sempre, nosso ponto fraco é a dupla de zaga, que sempre joga sobrecarregada, a tal ponto de Lúcio perder a disputa com Angel, o atacante colombiano, na jogada do gol adversário. Resolver esta fragilidade continua sendo o grande desafio do técnico para conduzir o Brasil ao hexacampeonato.

No mais, tudo funcionou. Zé Roberto fez bem a cobertura de Roberto Carlos, Gilberto fez o mesmo em Cafu, Ronaldo demonstrou estar em estado de graça, e quando da entrada de Kaká e Renato, no segundo tempo, o Brasil só não aumentou a vantagem sobre os colombianos por preciosismo.

O capítulo Rivaldo merece ser estudado à parte. Ao contrário do que 90% da mídia fala, Rivaldo não é reserva de Kaká no Milan, e isso porque nem Kaká é titular no clube italiano. O pernambucano vem de uma temporada difícil tecnica, fisica e psicologicamente. Também aqui, Parreira acerta ao dar suporte ao atacante, que se bem gerido, mesmo jogando mal pode decidir a partida num lance. Ao contrário do Rivaldo inseguro de 1998, o Rivaldo decisivo de 2002 vale a pena de ser recuperado.

Bater a Colômbia em seus domínios é uma tarefa duríssima. Basta dizer que, na história, somente uma vez o Brasil conseguiu tal proeza (nas Eliminatórias para a Copa de 1970). Foi um excelente início para um selecionado que normalmente tropeça nos próprios cadarços quando ruma para um Mundial. Parreira tem, até aqui, as rédeas da situação. É verdade que ainda faltam 17 jogos, mas nem por isso podemos menosprezar o mérito da empreitada.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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