EURO 2016: França 2×1 Irlanda – o duelo tático.

Neste último domingo, a seleção da França bateu a Irlanda por 2×1, em partida válida pelas oitavas de final da EURO 2016, que está sendo realizada em território francês. Com o resultado a seleção bleu obteve uma vaga para as quartas de final, assim eliminando os irlandeses.

A equipe francesa foi surpreendida com apenas três minutos de partida, uma vez que os irlandeses saíram na frente com um gol de pênalti. O time de Didier Deschamps precisou de equilíbrio mental para empatar e virar o jogo, isso aliado a uma mudança promovida pelo próprio treinador.

França

Os franceses foram a campo com Lloris, Sagna, Rami, Koscielny e Evra. Matuidi, Pogba, Kanté e Payet. Griezmann e Giroud. O time tem se portado bem num 4-3-1-2, e a ideia de Deschamps era manter um time fisicamente vigoroso, qualidade que a equipe da Irlanda também ostentava.

Porém o pênalti cometido por Pogba aos 2 minutos, alterou bruscamente o panorama. A infração ocorreu após bola alçada na área francesa, pelos irlandeses. Rami escorregou, obrigando os outros jogadores a recomporem a própria área. Pogba derrubou atacante adversário, o que resultou no gol de pênalti irlandês que abriu o placar.

O estilo de jogo da Irlanda é análogo ao britânico, com a equipe postada em variações do 4-4-2, 4-5-1 ou 4-4-1-1. O time naturalmente se porta de forma defensiva, arriscando-se em contra-ataques só, e quando possíveis. Os franceses procuraram jogo, obtendo finalizações com pouco sucesso.

A necessidade do resultado fez com que os atletas bleus começassem a alçar bolas na área irlandesa, para aproveitar a estatura de Oliver Giroud, no jogo aéreo. A proposta de jogo era previsível, com dois times fisicamente equivalentes, e um centro de campo superpovoado por meio-campistas.

4-3-1-2 para 4-2-3-1.

Na segunda etapa Deschamps trocou Kanté por Kingsley Coman, logo de início. Sem Kanté, um dos 3 volantes à frente da defesa no 4-3-1-2, o desenho se verteu num 4-2-3-1, em alguns momentos 4-1-4-1. Coman se alinhou pela direita, da linha de 3 (ou 4) meias ofensivos.

Giroud (ao centro) entre os marcadores irlandeses. (Getty)
Giroud (ao centro) entre os marcadores irlandeses. (Getty)

Griezmann se projetava um pouco mais desta linha, atuando nas costas de Giroud, o homem referência único. A bola longa direcionada ao camisa 9 francês passou a surtir efeito, uma vez que Giroud começou a se movimentar no intento de deslocar os marcadores, assim abrindo espaços. Griezmann passou a encontrar espaços livres na área irlandesa.

O gol de empate saiu em cruzamento de Sagna pela direita, complementado pela cabeçada de Griezmann, aos 58 minutos. Três minutos depois Giroud escorou lançamento longo, ao passo que atraiu dois marcadores para si. Griezmann entrou livre e finalizou aquele que foi o segundo gol francês.

A seleção francesa continuava incisiva, obtendo ainda uma expulsão adversária. Aos 66 minutos, Shane Duffy foi expulso após derrubar o próprio Griezmann que entrava livre, a poucos passos da área irlandesa. Com um homem a menos, o jogo irlandês foi plenamente neutralizado.

O domínio francês foi amplo, com a equipe alcançando a marca 24 finalizações. Destas 24, 8 foram para fora e 10 foram em direção à meta irlandesa. Destes 10 chutes em gol, só Antoine Griezmann chutou 5 vezes. O time ostentou 60% do tempo total de posse de bola, acertando ainda 90% dos passes que trocou. Dados segundo as estatísticas oficiais da UEFA.

O módulo tático da França após a entrada de Coman, se assemelhou muito ao desenho tático do Atlético de Madrid (Espanha). Griezmann atuou de forma muito similar à forma como os colchoneros atuavam na temporada 2014/2015, com o croata Mário Mandzukić usando seu vigor físico para atrair os marcadores.

Irlanda

A equipe do treinador Martin O’Neill esteve pela primeira vez em sua história, numa partida de oitavas de final da EURO. O alinhamento inicial teve Randolph, Coleman, Keogh, Duffy e Ward. McCarthy, Hendrick, Brady e McLean. Long e Murphy.

Enquanto equipe pertencente à escola britânica de futebol, os irlandeses se valem de seu forte jogo físico tendo como intento primordial, não sofrer gols. Como afirmamos a equipe variou a disposição do módulo tático em 4-4-2, que oferecia variantes do 4-5-1 ou 4-4-1-1.

O gol de pênalti convertido por Bready aos 3 minutos garantia uma vantagem imensurável, dada a sua proposta de jogo. Os irlandeses poderiam se classificar, dedicando-se apenas a não sofrer gols em 87 minutos.

Porém, a qualidade técnica dos atletas franceses fez a diferença, sobretudo na segunda etapa, com a decisão de Deschamps em ordenar um jogo vertical mais agudo, ao retirar um volante (Kanté) e mandar a campo um externo ofensivo (Coman).

O jogo irlandês se neutralizou definitivamente, após a expulsão de Duffy. O jogo “defensivista” eficiente só é possível tendo-se exatamente 11 jogadores em campo. No aspecto ofensivo a Irlanda obteve 6 finalizações (contra as 24 francesas), mostrando porém no aspecto defensivo 41 bolas recuperadas (contra 31 recuperações francesas).

Imagem de Griezmann: Getty

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Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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