Real Madrid: Zizou e a derrota.

No último sábado o Real Madrid acabou derrotado (1×0) em derby disputado contra o rival municipal Atlético de Madrid, em compromisso válido pela vigésima-sexta rodada de La Liga. Foi a primeira derrota de Zinedine Zidane enquanto treinador blanco, e terceira vitória consecutiva Atlético, dentro do Santiago Bernabéu (Madrid/Espanha).

O periódico espanhol El País, já descreve uma nova “crise” nos bastidores de Chamartín, situação ocasionada por conselheiros do clube. A diretiva não é surpreendente e dá conta da óbvia constatação da imaturidade de Zizou, enquanto treinador. Segundo o El País, o status de Zidane é descrito enquanto técnico interino e “provisório”.

O jornal espanhol afirma que a diretoria respaldará Zizou, enquanto houver chances de êxito na Champions League. O time já está eliminado da Copa Del Rey e o terceiro posto em La Liga (54 pontos), demarca um “oceano” de 12 pontos, até o líder Barcelona (66 pontos).

A sequencia inicial de Zizou não foi ruim, ostentando seis vitórias (uma pela Champions League, cinco por La Liga) e dois empates (por La Liga). Por outro lado, os analistas mais céticos mantinham-se atrelados a uma “condição ilusória”, demandada pelos êxitos. A pergunta é: num time de menor orçamento, Zizou obteria estes resultados?

Adaptação e adaptáveis.

O El País enaltece a estrutura da própria liga nacional local (no que diz respeito a aspectos físicos/técnicos/táticos), sendo que La Liga se vê sim em condição de equilíbrio já a algumas temporadas. Este argumento se solidifica ao passo que se observam quatro times espanhois nas oitavas de final da Europa League (Athletic Bilbao, Sevilla, Valencia e Villarreal). Além de três nas oitavas de final da CL (Barcelona, Atlético e o próprio Real Madrid).

O jornal espanhol ainda aponta alguma dificuldade de adaptação por parte de treinadores de fora da Espanha, vide casos de Gary Neville (inglês, Valencia) ou David Moyes (inglês, ex-Real Sociedad). A diferença de Zizou (francês) para Neville é o elenco à disposição do primeiro, muito superior ao plantel do Valencia.

Os dois ex-jogadores assumiram seus postos há menos de seis meses, sem nunca terem comandando uma equipe de expressão numa liga competitiva. A condição de Zizou não é avessa à condição de Gerardo Martino, à frente do Barcelona na temporada 2013/2014. Isso embora o argentino fosse um treinador pleno quando foi contratado pelos culés, seu primeiro clube na Europa.

Seguir com Zizou ou não?

O El País ressalta que há conselheiros que defendem a aposta em Zidane, iniciando uma temporada de fato, ao invés de assumir o time na metade como aconteceu. Segundo o jornal espanhol, o Real Madrid esteve em contato com José Mourinho no início de janeiro, através do empresário Jorge Mendes (Cristiano Ronaldo).

Os contatos porém cessaram no início de fevereiro. Os blancos ofereciam um pré-contrato ao passo que Mourinho teria oficializado outro pré-contrato com o inglês Manchester United. O pré-acordo firmado com os red devils incluiria uma penalização impedindo uma quebra unilateral.

O El País credita a informação a conselheiros merengues que preferem manter-se no anonimato. Os mesmos confirmaram que o dirigente merengue José Angél Sánchez foi quem tomou conhecimento da aproximação entre “Mou” e o United. Além disso, na Espanha suspeita-se que “Mou” utilizou o assédio merengue para pressionar o United.

Fora o lusitano, o El País menciona os nomes do argentino Mauricio Pochettino e do alemão Joachim Löw. Pochettino se vê à frente do inglês Tottenham Hotspur, vice-líder da Premier League com condições de obter o título. Em Madrid conta a favor do ex-zagueiro, a experiência tanto na Inglaterra, quanto em três temporadas de La Liga, à frente do Espanyol.

Por outro lado Pochettino não é um nome midiático, nem ostenta apelo popular, algo que os merengues (questionavelmente) prezam num treinador. Outro aspecto que torna difícil uma eventual negociação, é o histórico tenso entre Florentino Pérez e o Daniel Levy, presidente dos spurs. Pérez não teria gostado da forma como Levy conduziu as negociações pelo meia Gareth Bale, em 2013.

Paralelamente, Joachim Löw é um nome que agrada a cúpula merengue em totalidade. Os blancos já vem sondando o treinador do Nationalelf alemão há alguns anos, sendo que Löw recusou-se a deixar o comando da Alemanha. Uma vez que a EURO 2016 acontece em junho, a perspectiva pode mudar ao fim do torneio.

Mãos de ferro de Pérez.

Ademais, Florentino Pérez segue no intento de não abrir mão do controle total do departamento futebolístico blanco, o que engloba tanto contratações de jogadores, quanto escolha do treinador.

Ao redor do presidente, há um conselho formado por associados do clube pessoalmente íntimos de Pérez, liderados por Ramón Martínez, chefe da “secretaria técnica”. Além do perfil de técnico procurado, o mesmo precisa se adequar ao planejamento de Peréz que não prevê de imediato contratações de jogadores caríssimos.

Para o presidente, Gareth Bale é definitivamente o sucessor de Cristiano Ronaldo.

Imagem de Zidane: Gonzalo Arroyo – Getty

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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