De forma discreta o espanhol Atlético de Madrid iniciou a temporada, sem chamar tanta a atenção, tal como foi nos últimos anos. Os colchoneros do treinador Diego Simeone quebraram a sequência de um título por temporada, na última temporada. O clube rojiblanco vinha neste ritmo exitoso desde 2012.
Em termos táticos a equipe precisaria naturalmente se readequar após a saída do ídolo Arda Turan, meia turco contratado pelo Barcelona. Arda, que ainda não estreou no Camp Nou em virtude de punição sofrida pelos culés, era uma das principais peças do meio-campo de Simeone.
Há pouco mais de uma semana, o veterano meia lusitano Tiago (34 anos) também se tornou baixa após sofrer uma fratura na tíbia, em compromisso válido pela décima-terceira rodada de La Liga. Sem Arda, Simeone re-estabeleceu o time num 4-1-4-1, até então com Tiago, fixo à frente da linha dos quatro defensores.
Um dos pontos que trouxeram re-equilíbrio tático, foi o retorno de Filipe Luís na lateral esquerda, re-contratado junto ao Chelsea. Tudo vinha funcionando a ponto da equipe já se ver classificada para o mata-mata da Champions League. E ostentar a vice-liderança de La Liga, apenas dois pontos atrás do líder Barcelona.
Procurando um camisa 5?
Sem Tiago pelos próximos quatro meses, a imprensa espanhola passou a mencionar a necessidade de “fabricar um camisa 5”. Os espanhóis tem comparado Tiago à camisas 5 argentinos do passado como Fernando Redondo ou Juan Verón, no aspecto do posicionamento, passes e leitura de jogo. Algo que não é absurdo. O El País descreveu Tiago enquanto uma mescla de “líbero e cinco argentino”.
O meia atua na retaguarda da segunda linha de quatro meias ofensivos do 4-1-4-1, algo que privilegia e torna eficaz sua capacidade de visão de jogo. Na prática é um low playmaker. Com a precisão no primeiro passe, Tiago pode se aglutinar à linha dos meias ofensivos, deixando que um deles se projete à frente (geralmente Antoine Griezmann), possibilitando um 4-4-2 convencional.
No último sábado os colchoneros venceram o Granada por 2×0, na casa do adversário, com Saúl Níguez cumprindo a função de Tiago, em partida válida pela décima-quarta rodada de La Liga. Segundo El País, o diretor esportivo colchonero Andrea Berta queria as impressões de Simeone sobre o meia espanhol, após a partida vencida.
Saúl surgiu entre os titulares mas deixou o campo aos 63 min, para a entrada da revelação Óliver Torres, num intento mais ofensivista de Simeone, visto que a equipe já vencia por 1×0. Óliver deu a assistência para o segundo gol, anotado por Griezmann. Grata surpresa na temporada, Óliver Torres possibilita que o “Atléti” se lance ofensivamente ao ataque, desdobrando o 4-1-4-1, em possibilidades de 4-2-3-1 ou mesmo 4-3-3.
Em caso de boa adaptação de Saúl, o clube poupará dinheiro e não contratará nenhuma peça de reposição para Tiago, na janela de inverno. Empresariado pelo lusitano Jorge Mendes (agente de Cristiano Ronaldo), Saúl desejava sair do Atlético após retornar de empréstimo do Rayo Vallecano, no começo da temporada passada.
Simeone o elogiou publicamente antes da partida, mas afirmou que o jovem meia espanhol (21 anos), precisa desenvolver maturidade emocional. Em contraposição à imprensa espanhola, “cholo” Simeone afirmou que cada jogador tem sua característica e mesmo sem Tiago, o treinador frisou que “Saúl deve ser Saúl” e “Gabi deve ser Gabi”. Isso na véspera do confronto contra o Granada.
O Atlético volta a campo nesta terça-feira, no confronto dos líderes do grupo C da Champions League. Os colchoneros visitam o Benfica em Lisboa (Portugal), sendo que ambos com 10 pontos cada, já não podem mais ser ultrapassados.
Imagem de Saúl (à direita): Gerard Julien – AFP