Copa América: craque neurótico, seleção nervosa.

Na última quarta-feira o Brasil acabou desastrosamente derrotado pela Colômbia, na segunda rodada da fase de grupos da Copa América 2015. O jogo foi válido pelo grupo C, do torneio sul-americano que está sendo sediado no Chile. A seleção brasileira foi vencida pelo placar mínimo de 1×0.

No aspecto mental, a Colômbia se via pressionada pela imprensa de seu país, após a surpreendente derrota por 1×0 para a Venezuela, na estreia. Aparentemente tudo parecia normal pelo lado brasileiro, a não ser pela confirmação de que Neymar se tornou réu no processo que corre na Espanha. O imbróglio se dá pelas irregularidades em sua contratação realizada pelo Barcelona. Até onde isso poderia influir em sua apresentação, é difícil precisar.

Em termos táticos a partida foi espelhada, com ambos os times em postura defensiva cautelosa. Um empate estaria de bom tamanho para ambos. Dunga promoveu uma mudança interessante no sistema defensivo. Thiago Silva voltou ao time no lugar de David Luíz, que falhou claramente no gol feito pelo Peru, na partida de estreia em que o Brasil venceu por 2×1.

Inesperados problemas na defesa.

Thiago Silva também está mais habituado a atuar ao lado de Daniel Alves como foi no Mundial 2014, e Miranda voltou à sua posição habitual do Atlético de Madrid, na zaga central pela esquerda. Porém, o plano inicial de Dunga para o sistema defensivo se viu frustrado antes da Copa América se iniciar.

No 4-2-3-1 de Dunga, os laterais da linha de quatro defensores avançavam pouco. Daniel Alves não tem a característica defensiva de Danilo, cortado. A frente desta linha, Luiz Gustavo cortado por lesão no joelho na apresentação, era o principal interditor. Fernandinho foi deslocado para o setor e até por isso, tornou-se um distribuidor de pontapés por atacado. Fernandinho é um meio-campista de saída para o jogo, no Manchester City quem dá o primeiro combate ao seu lado, é o vigoroso Yayá Touré.

A Colômbia venceu por ter atletas aptos a conter a posse de bola sobretudo, James Rodríguez e Juan Cuadrado, este último em belíssima fase. O time de José Perkeman controlou o jogo com mais facilidade, principalmente após o gol da vitória anotado pelo zagueiro Murillo, obtido em lance de bola parada, aos 35 minutos de jogo.

Perkerman foi cauteloso sim, “blindando” sua defesa com dois volantes de força física (Sánchez e Valencia), a frente da sua linha de quatro defensores. Com Zúñiga avançando pouco na lateral-direita, Neymar se via “encaixotado”. O principal articulador brasileiro assim se viu anulado. O Brasil não tinha capacidade de verticalização, nem contenção de posse de bola.

Dentre os brasileiros, Phillipe Coutinho que entrou na segunda etapa, é o único que se qualifica como meia-armador capaz de conter a bola. O outro jogador de criação é Fernandinho, recuado por força das circunstâncias. A ausência de um atleta que alie força física e velocidade em expansão vertical pelos lados do campo, talvez justifique o fato de Felipão confiar tanto em Hulk, até a copa passada.

Capitão imaturo.

Desde os seus primeiros jogos na seleção, Neymar se mostra nervoso, quando a defesa adversária o encaixota pelo lado esquerdo. Ele não tem vigor físico para romper defesas fisicamente robustas, algo que o torna por vezes inoperante, atuando dentro da área.

O stress se intensificou após o injusto cartão amarelo que o camisa 10 recebeu, no lance em que cabeceou a bola diante do goleiro Ospina e a bola resvalou sua mão, durante a primeira etapa da partida. A advertência foi a segunda no torneio e já o tiraria da próxima partida. Neymar foi imaturo o suficiente para cair nas provocações de Murillo e Carlos Bacca, este último que atua pelo espanhol Sevilla.

Bacca conhece tanto Neymar quanto Daniel Alves, dos confrontos com o Barcelona. A imaturidade psicológica de Neymar intensifica sua fragilidade, tal qual os lances de efeito desnecessários, que ele já vem proporcionando em campos espanhóis. Ele se torna visado por este detalhe. E a expulsão pós jogo só matizou um pouco mais estas circunstâncias.

O próximo compromisso do Brasil que segue com 3 pontos no grupo C, será contra a Venezuela.

Foto de Neymar: Felipe Trueba – EFE

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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