Copa América: Argentina e Colômbia, o que deu errado?

Para além da estreia da seleção brasileira que bateu o Peru por 1×0 no último domingo, a Copa América realizada no Chile também foi marcada pelas estreias de Argentina e Colômbia, neste último fim de semana. Ambas as seleções favoritas para a conquista do torneio tiveram estreias problemáticas.

Pelo grupo B, a Argentina enfrentou o Paraguai no sábado em partida que acabou empatada em 2×2. Os hermanos, fortíssimos candidatos ao título, iniciaram a partida ostentando grande intensidade. Terminaram a primeira etapa vencendo por 2×0, com gols de “Kun” Agüero e Messi de penalti.

Ao fim do primeiro tempo, o time argentino demonstrava absurdos 78% de posse de bola. A variação ofensiva disponível para o treinador Gerardo Martino é invejável com os citados Agüero e Messi mais Di Maria, Pastore, Higuaín e Tévez disputando cinco posições no setor ofensivo de meio-campo/ataque.

O Paraguai porém, não é um neófito do futebol como Coréia do Norte ou Jordânia. Tem tradição dentro da América do Sul, sendo lembrado por montar retrancas intransponíveis e não temer camisas pesadas. Os gols paraguaios saíram em lances capitais.

O belo tiro a longa distância de Haedo Valdez, aos 69 min e o gol de empate de Lucas Barrios, em jogada ensaiada de bola parada, literalmente no último minuto. A Argentina não desafiou “o vento”.

Questão física.

A Argentina sofreu no segundo tempo com contra-ataques dos adversários, possibilitados muito provavelmente por sua própria queda física. Só para citar três nomes importantíssimos do time Messi, Mascherano e Tévez, ainda atuavam pela temporada europeia 2014/2015, a pouco mais de uma semana na final da Champions League.

Os argentinos mostraram problemas similares na copa do mundo no ano passado. No Mundial, Di Maria e Agüero conviveram com lesões. O primeiro sequer atuou na final e o segundo entrou na segunda etapa da decisão perdida para a Alemanha. O desgaste físico com certeza foi problema também para a Colômbia, no domingo em partida realizada pouco antes de Brasil 1×0 Peru.

Os colombianos se vêem no grupo C, junto a Brasil e Peru. O time do treinador argentino José Pekerman foi derrotado por 1×0 pela Venezuela, esta sim uma equipe tecnicamente muito abaixo do Paraguai, por exemplo. O gol venezuelano de Rondon saiu de cabeça, após jogada trabalhada que contou com desatenção da defesa colombiana.

No elenco colombiano James Rodríguez, Jackson Martínez, Falcao Garcia, Juan Cuadrado e Carlos Bacca também tiveram temporadas mais desgastantes das que antecederam o Mundial 2014, onde se destacaram. Falcao sequer veio ao Mundial no Brasil, lesionado. Ele e James deixaram o pouco expressivo Monaco, transferindo-se para Manchester United e Real Madrid, respectivamente.

Ambos passaram a atuar em clubes maiores, inscritos em competições (três simultâneas no caso do Real Madrid de James), que demandam maior exigência física, técnica e mental. Bacca foi o destaque do Sevilla na conquista da Europa League, há pouco mais de duas semanas.

Questão defensiva.

Fora o aspecto físico, o time da Colômbia em especial não tem peça de reposição para o experiente zagueiro Mario Yépes, que se aposentou da seleção aos 37 anos. Yépes foi o defense leader do time colombiano na última copa do mundo. Sua experiência no futebol italiano, agregou à sua destreza como stopper e centro de gravidade do sistema defensivo colombiano.

O stopper orienta o posicionamento do sistema defensivo, sobretudo quando o time perde a posse de bola. O time colombiano atuava com três defensores variando o desenho em 4-4-2, 3-4-3 e 3-5-2. A possibilidade era funcional, devido aos avanços de Pablo Armeiro, o lateral esquerdo que se desprendia muito da linha de quatro defensores.

Um stopper experiente é fundamental para o esquema com três zagueiros. O detalhe colombiano é muito similar à Argentina de Alejandro Sabella, vice-campeã Mundial. “Tata” Martino aboliu o 3-5-2 e excluiu dos planos o injustamente criticado zagueiro Martin Demichelis.

A consistência defensiva da Argentina apenas se solidificou quando o veterano Demichelis passou a atuar como stopper central da defesa argentina. Isso quando quando o Mundial já estava em andamento.

O próximo compromisso da Argentina é contra o líder de seu grupo Uruguai, na próxima terça. Já os colombianos também enfrentam o líder de seu grupo, o Brasil na próxima quarta-feira.

Imagem de Messi enfrentando a marcação paraguaia: Mariana Bazo – Reuters

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
Top