Champions League: Juventus e o orgulho ferido da Itália.

Bicampeã da Champions League, a Juventus recebeu o poderoso Real Madrid em Turim (Itália), nesta terça-feira pelo jogo de ida das semifinais da Champions League 2014/2015. A Juve obteve sim um resultado acima do esperado, vencendo os merengues por 2×1. Entretanto, ainda não reverte por completo o favoritismo amplo dos blancos de Madrid.

Há exatos dez anos atras a Juve era comandada pelas mãos de ferro do vitorioso treinador Fabio Capello. Contava com atletas como Nedved, Del Piero e Ibrahimović. Hoje técnico do Real Madrid, o italiano Carlo Ancelotti comandava o Milan, que há dez anos atrás era o atual campeão italiano, tendo vencido a edição 2003/2004 da Série A. Em campo a equipe tinha Maldini, Nesta, Pirlo, Seedorf, Shevchenko e Kaká.

Por volta de 2006, eclodiu o chamado “calciocaos”. O fenômeno constatado pelas autoridades locais, incluiu denúncia e punição de esquemas comprovados de manipulação de arbitragem por parte de Juventus, Fiorentina e Milan (os dois últimos em menor escala).

E o chamado “Moggiopoli”, uma rede corrompida de gerenciamento ilícito de atletas dentro da Itália, controlada por Luciano Moggi, então diretor de futebol da Juventus. Aliás, fenõmeno este denunciado à sua época na imprensa brasileira, pelo editor deste site e jornalista Cassiano Gobbet.

Depois do calciocaos toda a credibilidade do calcio italiano se esvaiu pelo ralo. A Juventus rebaixada punitivamente para a Serie B ao fim da temporada 2005/2006, só conseguiu retornar a uma semifinal de Champions League agora. A vitória bianconeri dentro de casa contra o atual e maior campeão da CL, foi um alento mínimo.

De volta ao presente.

A Juve do técnico Massimiliano Allegri se postou de forma até ofensiva para os padrões italianos, diante de “el Madrid”. O desenho em 4-3-1-2 não tinha um volante/interditor fixo entre Pirlo e Marchisio. A cobertura dos meias de criação ficou a cargo do vigor físico impressionante de Vidal.

Allegri também abdicou do terceiro zagueiro disfarçado de lateral, na linha de quatro defensores, onde Evra estava mais apto a avançar pela esquerda. Os dois gols bianconeri saíram no entanto, em erros merengues. A jogada do primeiro gol italiano com menos de 15 min de jogo, ocorreu nas costas de Marcelo, que marca mal, com Tévez cruzando para o ex-Real Madrid, Alvaro Morata completar quase impedido.

O segundo gol da vecchia signora que saiu no início do segundo tempo, se deu graças a um penalti convertido por Tévez. A Juventus não conseguiu ser amplamente superior ao Real Madrid. Com CR7 (autor do gol blanco) e James Rodriguez marcados e Bale sem ritmo de jogo, Isco (pela esquerda) e Carvajal (pela direita) surpreendentemente, eram as peças que abriam os espaços.

Chances de perigo foram criadas pelos blancos, como a bola na trave cabeceada por James e diversas finalizações a longa distancia. Faltou uma referência na área merengue, ao passo que Benzema foi vetado pelo departamento médico. Porém, com Chicharito no time titular a equipe perderia capacidade de retenção de bola (sem Isco), ou chamaria Evra pelo flanco esquerdo bianconeri (neste caso, sem Bale).

O uso de Sergio Ramos fixado na cabeça de área por Ancelotti, não deu tão certo desta vez com o zagueiro distribuindo inversões e lançamentos sem rumo. Talvez seja o caso de Pepe ser adiantado (algo já feito por José Mourinho), ou de uma reabilitação do alemão Sami Khedira.

O planejamento do Real Madrid para atual temporada foi errôneo sim, ao não repor a saída do volante Xabi Alonso (FC Bayern). Erro que o presidente Florentino Pérez cometeu muitas vezes em sua primeira gestão na década passada, dispensando volantes e não os repondo.

O gol blanco anotado fora de casa deixa a partida de volta em aberto. Caso o Real Madrid vença no Bernabéu sem tomar gols, obtém a classificação para a final. A partida de volta ocorre na próxima quarta-feira 13/05.

Foto de Pepe marcando Pirlo: Giorgio Perotinno – Reuters

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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