Barcelona: seja feita a vontade de Messi.

Neste último domingo, o Barcelona jogou luzes sobre a escuridão, após uma semana turbulenta e permeada de maus rumores, vencendo o Atlético de Madrid por 3×1, em jogo válido pela décima oitava rodada da liga espanhola. O trio Messi, Neymar e Suárez foi o responsável pelos três gols que foram uma “ducha de água fria” sobre os colchoneros, que vinham num bom momento.

A liga espanhola voltou do recesso de fim de ano uma semana antes, com o Barça sendo derrotado por 1×0 pela Real Sociedad. O revés deixou o próprio Atlético se aproximar dos culés na tabela. Antes do derby do domingo, ambos tinham 38 pontos, com a posição de vice-líder (Barça) e terceiro colocado (Atlético) decidida no critério desempate. Uma vez que o Real Madrid bateu o Espanyol (3×0) na mesma rodada, uma derrota blaugrena poderia deixar os blancos dispararem.

A simples derrota para a Real Sociedad, onde Messi e Neymar começaram a partida no banco, deflagrou um suposto desgaste de relacionamento entre Messi e o técnico Luís Enrique. Nos bastidores, o diretor desportivo, ex-goleiro e antigo ídolo catalão Andoni Zubizarreta, foi demitido após o revés contra os bascos.

Nos dias que se seguiram, Messi esteve ausente numa atividade do grupo por problemas médicos. Motivo que inflou os boatos criados pela imprensa sobretudo inglesa, a respeito da possibilidade de Chelsea ou Manchester City, contratarem o argentino. A vitória do Barça por 5×0 sobre o Elche, no jogo das oitavas de final da Copa Del Rey, no meio da semana foi vista como não surpreendente, isto tendo Messi e Neymar em campo. Pelo mesmo torneio o Atlético bateu o Real Madrid por 2×0, na re-estréia de Fernando Torres, transformando-se em franco favorito para o derby.

A fúria dos deuses no Camp Nou.

Contra os colchoneros, o time do Barcelona mostrou parecer ter se alimentado de toda a discórdia propagada nos dias anteriores. Abriram o placar com apenas 11 minutos com gol de Neymar e aos 35 min já venciam por 2×0, sendo que o segundo tento fora anotado por Suárez. Messi se portava enquanto o “primeiro motor aristotélico” do trio ofensivo catalão.

Curiosamente, “la pulga” protagonizou até o penalti que rendeu o gol colchonero, convertido por Mandzukić, no começo do segundo tempo. O argentino ajudava os companheiros de defesa na marcação. No finzinho, aos 87 min Messi fez o terceiro gol após grande jogada de Raktić. O resultado final deixou o Barcelona na vice-líderança com 41 pontos, um atrás do Real Madrid.

O periódico espanhol El País nomeou a crônica da partida enquanto “O todo poderoso Messi” e afirmou que “la pulga” atuou como “camisa 7”, “camisa 9” e “camisa 10”, dada a sua movimentação com ou sem a bola. Após o jogo Messi falou a Barça TV em palavras ressaltadas pelo El País. O atacante refutou todos os boatos e rumores que antecederam a partida.

Relembrou o passado quando propagaram boatos de que ele teve problemas com Guardiola, Eto’o e com o ex-atacante do Barça, Bojan. Afirmou que é hora de todos no clube “estarem unidos”. De forma tranquila Messi descreveu-se “como mais um jogador tal qual os outros companheiros”, rechaçando a suposta premissa de que ele próprio “controla” o clube. Disse que não vai nem para Chelsea nem para Manchester City, pois os rumores eram “todos mentirosos”. Afirmou que não se deve alimentar indicios de que haja rivalidade entre ele e o técnico Luís Enrique, porque “não há”. E por fim agradeceu o apoio da torcida.

Antes da partida Messi foi homenageado com o prêmio condizente ao posto de maior goleador da história da liga espanhola. Em campo mostrou o que sempre afirmou, ou seja que não gosta de falar e responde provocações jogando bola. Detalhe que a imprensa sempre esquece e se aproveita, colocando palavras em sua boca. Fez com que os blaugrenas jogassem da forma como Eduardo Galeano descreve os catalães, como aqueles que carregam deuses dentro de si.

Nesta segunda-feira Messi disputa mais uma vez a Bola de Ouro FIFA com Cristiano Ronaldo e o goleiro alemão Manuel Neuer. A cerimônia será realizada em Zurique (Suíça).

Foto de Messi marcado pelos colchoneros Turan e Koke: Manu Fernandez – AP

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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