Roma: depois do 7×1.

A rodada de meio de semana da fase de grupos da Champions League com certeza foi marcada pelo “incêndio” em Roma proporcionado pelo FC Bayern, sobre a Roma. Os bávaros conseguiram impôr hecatômbicos 7×1 em cima do time giallorossi, algo que apenas sacramentou a liderança dos alemães no grupo E.

Apesar de algumas semelhanças com o 7×1 imposto pela seleção alemã sobre o Brasil no último Mundial, é preciso ressaltar algumas virtudes da Roma. Ao contrário de Felipão em fim de carreira, o técnico francês Rudi Garcia ainda é um jovem e promissor treinador. Garcia (50 anos) levou o francês Lille aos titulos da Ligue 1 e da Coupe de France na temporada 2010/2011, valendo-se de orçamento modesto.

O francês está na Roma desde a última temporada, onde conseguiu um vice-campeonato italiano, que voltou a colocar o time romanista na CL, depois de duas temporadas fora. Contra o Bayern, Rudi Garcia constatou de forma trágica o abismo que há entre as potências futebolisticas europeias atuais (Bayern incluso), e os clubes da combalida Série A italiana.

Garcia faz mais com menos, tendo montado uma Roma competitiva com refugos, num elenco onde apenas o meia holandês Kevin Strootman é um nome promissor. O mesmo ainda se recupera da lesão que o tirou do Mundial e não tem atuado.

Perdoável ingenuidade.

Confiante com um 5×1 imposto na primeira rodada da CL, sobre o CSKA e após criar problemas para o Manchester City em Manchester (1×1), na segunda rodada, Garcia acreditou que poderia tentar jogar de igual para igual, contra o Bayern. Escalou o time num 4-2-3-1, com o decrépito Totti centralizado na linha dos três meias ofensivo e Gervinho, em boa fase como falso centroavante, a frente. Muito diferente do 4-3-3 do Brasil de Felipão contra a Alemanha, que tinha um tridente ofensivo formado por Bernard/Hulk/Fred.

O material humano bávaro, no entanto fez a diferença. Robben, Müller, Götze e Lewandowski, são atletas que decidem jogos. O primeiro gol feito por Robben saiu por volta dos 7 min de partida. A Roma conseguiu duas jogadas de perigo seguidas com Gervinho, logo na sequência. No gol bávaro porém, o goleiro Neuer também é um atleta que decide jogos. Os atletas romanistas não se mostravam apavorados quanto os do Brasil, na partida da semifinal do último Mundial. Ainda conseguiam tentar se posicionar para trás da linha da bola, com Gervinho recuando para buscar jogo e sair em velocidade, nos contra-ataques.

Quando a Roma perdia a bola era notável uma semelhança com o Brasil de Felipão. Com Totti em campo, tem-se um homem a menos sem a posse de bola, algo similar ao Brasil com Fred em campo. Garcia devia ter optado por um esquema onde a prioridade deveria ser não deixar o Bayern jogar, com um volante ou zagueiro a mais, no lugar de Totti. Tal qual o APOEL fez contra Barcelona e PSG, no grupo F. Os cipriotas perderam pelo placar mínimo, quando enfrentaram tanto catalães quanto parisienses.

Lenda no Olímpico Francesco Totti (38 anos) finalmente deve ter se sentido um ex-jogador em atividade. A Roma já havia sofrido um 7×1 imposto pelo Manchester United em Old Trafford, na partida de volta das quartas de final da CL 2006/2007. Totti estava em campo.

A Roma visita a Sampdoria neste sábado pela sétima rodada da Série A. O giallorossi, é vice líder na tabela, um ponto atrás da líder Juventus que por sua vez ostenta 19 pontos. Recuperar os atletas no âmbito psicológico é o principal desafio de Rudi Garcia.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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