O periodico espanhol El País deu destaque na última terça-feira a um debate que aconteceu em Barcelona (Catalunha/Espanha), mais precisamente na IESE, instituição equivalente a uma faculdade de administração brasileira. O tema em questão era um debate acerca da pirataria audiovisual, e se a prática da mesma poderia causar algum prejuízo para o futebol espanhol. No entanto, outro tema roubou as atenções.
Segundo o El País, estiveram presentes no debate Josep Bartomeu e Enrique Cerezo, presidentes do Barcelona e Atlético de Madrid, respectivamente. Além de José Angel Sanchez, diretor geral do Real Madrid e o presidente da LFP, Javier Tebas.
O tema acabou desviando para algo polêmico, mais precisamente a possibilidade de efetivação de uma independência da Catalunha. A abordagem se dá uma vez que haverá um referendo, onde o povo catalão deverá responder se seu estado deve ou não, se tornar independente.
Este referendo deve acontecer no próximo dia 9 de novembro. Caso o estado catalão se torne independente, o Barcelona e consequentemente o Espanyol de Barcelona, não poderão atuar em La Liga. Historicamente, a Catalunha diferencia-se culturalmente do reino espanhol, tendo revogada sua autonomia política durante a Guerra Civil espanhola entre 1936 e 1939, durante o regime de Franco. Situação maos ou menos similar ao País Basco, onde estão sediados os clubes Athletic Bilbao e Real Sociedad, que também disputam a primeira divisão de La Liga.
O El País ressaltou o silêncio de Josep Bartomeu sendo que o Barcelona abertamente se mantém neutro quando a questão é levantada. O presidente da LFP, Javier Tebas deixou claro que o futebol espanhol se pauta pela Ley Del Deporte (algo como “lei do desporto”), a qual impede a presença de clubes de fora do reino na liga. Tebas afirmou que caso haja uma independencia da Catalunha, o Barcelona só poderá atuar caso aconteça uma modificação a ser realizada pelo parlamento espanhol.
Segundo o presidente da LFP, a Ley Del Deporte abre exceção para a participação de competidores de Andorra, um estado não espanhol. Na Europa há ligas nacionais que aceitam clubes de estados independentes. A Ligue 1 francesa, por exemplo abriga o Monaco, equipe do principado homônimo. A Premier League inglêsa dá possibilidade para os clubes do País de Gales participarem de seu torneio, caso do Swansea e do Cardiff, este atualmente na segunda divisão.
Em termos financeiros, Tebas afirmou que não ter o Barcelona seria um desastre para a liga espanhola. O “clássico” entre Barcelona e Real Madrid supõe 4% de toda a audiencia da Liga, onde são disputadas 380 partidas.
Tebas afirmou com todas as letras que a LFP não pretende perder “el clásico”.