Real Madrid: rumo a décima primeira?

Na última terça-feira, o Real Madrid atual campeão da Champions League fez a sua estreia na nova edição da competição. Cabeça de chave do grupo B, os blancos iam vencer o suíço Basel, como de fato aconteceu no Bernabéu numa exibição que culminou na vitória de 5×1 dos merengues. O último bi-campeão seguido da CL foi o Milan 1988/1989-1989/1990, contando com uma equipe da qual fazia parte o hoje técnico blanco, Carlo Ancelotti, então meio-campista.

O Real Madrid mostrou domínio sobre o Basel como era de se esperar. Porém, durante a segunda etapa com a partida já em 4×1, os suíços chegaram a frente em pelo menos duas oportunidades com perigo. Um lance exigiu defesa difícil do atualmente contestado Iker Casillas. O outro uma bola chutada a média distância com precisão pelo adversário, bateu na trave direita do goleiro merengue. Em crepúsculo de carreira o capitão Casillas tem sido vaiado pela própria torcida.

O problema porém não é a decrepitude de Casillas até porque há um Keylor Navas sentado no banco de reservas, pronto para assumir o posto. Nos últimos dias da janela de transferências, o Real Madrid abriu mão de Xabi Alonso (33 anos). Mesmo dotado de idade avançada, era o principal interditor que podia ser postado a frente da linha defensiva. A qualidade de passe do espanhol também era preciosa e precisa, entregando a bola certa ao companheiro certo, após um desarme certo.

Sem Xabi Alonso

Alonso foi liberado para o FC Bayern pela idade avançada, ao passo que os bávaros queriam Sami Khedira, para preencher a lacuna causada pela lesão de Javi Martinez. O atual elenco do Real Madrid tem meio-campistas de grande qualidade (Modrić, Kroos, Illarramendi, Isco), mas nenhum é um “camisa 5” típico. Khedira é o que mais se aproxima do perfil, sendo o alemão mais um volante de saída em transição rápida do que um marcador típico.

Em Champions League, sobretudo durante a fase de mata-mata, eventualmente é preciso jogar em função de um resultado momentâneo. Por vezes vencendo, por vezes segurando um empate, ou uma derrota por um número de gols oportuno. Numa azarada (mas possível) ocasião em que o time tenha que atuar sem Cristiano Ronaldo, um “camisa 5” típico será necessário.

Anteriormente, mencionamos aqui no 90 Minutos (clique aqui) a opção pela contratação de Chicharito enquanto reserva imediato de CR7, que por sua vez convive com problemas no joelho esquerdo. Uma formação sem CR7 e com Chicharito fixo como referência exigiria um “camisa 5” típico a frente da defesa e, Ancelotti com certeza colocaria Fabio Coentrão na lat. esquerda, melhor marcador, no lugar de Marcelo.

A disposição permitiria um jogo baseado em contra-ataques e no erro do adversário, de forma tipicamente italiana. Num desenho tático outrora usado por Ancelotti no Milan, o 4-3-1-2 com James Rodriguez sendo o “1”, conforme também mencionamos aqui anteriormente. Os três meias a frente da linha de 4 defensores teria o “camisa 5” mais fixo ao centro, Kroos a esquerda e Modric ou Bale a direita. O croata na necessidade de mais posse de bola e o galês na necessidade de sair em velocidade ao ataque.

O Real Madrid deve avançar ao mata-mata sem muitos problemas. Porém um panorama conciso de possibilidade de conquista de CL, só teremos por volta de janeiro de 2015. Até lá precisamos observar se 1) Casillas se manterá na posição de titular, 2) se Ancelotti quando atleta natural da posição de meio-campista, pedirá um “camisa 5” típico na janela de fim de ano. E 3) se o joelho esquerdo de CR7 não causará transtornos.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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