“(…) a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?”
(Carlos Drummond de Andrade)
A temporada do Chelsea praticamente acabou neste fim de semana, quando os blues empataram em 0x0 com o Norwich, pela Premier League no último domingo. Isso três dias depois da equipe de José Mourinho ter sido eliminada de forma categórica das semifinais da Champions League, pelo Atlético de Madrid.
Para levar a liga britânica os blues dependem de improváveis derrotas de Manchester City e Liverpool, a uma rodada do desfecho, sendo que o City tem um jogo a menos. A volta do special one para Stamford Bridge não trouxe nem um título da Premier League, nem um titulo da CL. Ao menos, não nesta temporada.
Outrora um “cartola amador”, Roman Abramovich também amadureceu. Já demitiu Claudio Ranieri, Carlo Ancelotti e próprio Mourinho por pura impaciência. Nestes 10 anos, aprendeu porém que o dinheiro não compra tudo, que o melhor time no papel não necessariamente vence a Champions League.
Abramovich viu os dois extremos, o mau extremo quando o Chelsea perdeu a final da CL 2007/2008 para o Man. United com Joe Cole, Ballack, Lampard, Drogba, Anelka, Terry além de um Shevchenko esquecido no banco blue. Na cobrança de pênaltis daquela ocasião, os milhões de Abramovich não seriam capazes de evitar o escorregão de John Terry, na mal-fadada cobrança do capitão.
Mourinho
E o bom extremo com o título da CL 2011/2012, em cima do Bayern dentro da Allianzarena. Dispondo de um técnico interino (Di Matteo) escalando o anônimo Bertrand no time titular, Malouda improvisado de volante, lamentando um Raul Meirelles e um John Terry suspensos.
Faxina no elenco.
No futebol tudo pode acontecer, mas não há indícios de que Mourinho seja demitido tão rapidamente. O special one segue o mesmo, voltou a Cobham exercendo suas mãos de ferro principalmente no que diz respeito a gerenciar o material humano disponível.
O promissor Kevin De Bruyne até iniciou a temporada no grupo principal, mas foi rapidamente relegado ao Chelsea B, após Willian ter sido contratado. De Bruyne, titular da seleção belga, saiu na última janela de inverno para o Wolfsburg precisando jogar, para não perder seu posto no grupo que vem ao Mundial.
No entanto, o belga saiu reclamando de Mourinho em especifico, que por sua vez, deu declarações negativas a respeito de De Bruyne, possivelmente no intuito de evitar grandes clubes pretendentes ao futebol meia. Ìdolo de um período “sem Mourinho”, Juan Mata, aclamado na história recente do Chelsea também perdeu espaço com a consolidação de Eden Hazard e a regularidade de Willian.
No caso do espanhol, Mourinho até declarou publicamente que gostaria de seguir contando com ele. Mata no entanto, foi parar no rival Manchester United. É bom frisar que sem Mata, o titulo que os blues obtiveram na CL 2011/2012, não teria acontecido.
Por fim, o outro belga, e já citado Hazard, reclamou publicamente do “defensivismo” do Chelsea na eliminação para o Atlético no jogo de volta da semifinal da CL. “Mou” não deixou barato e culpou o próprio belga pelo primeiro gol colchonero sofrido.
Na visão do special one, Hazard deveria ter voltado para marcar Juanfran, que cabeceou a bola para o gol de Raul Garcia. O special one frisou que Hazard não está pronto para se doar pelo time. O disciplinado Mata, talvez tivesse voltado para marcar Juanfran, caso ainda estivesse no Chelsea. O espanhol, poderia ser uma boa peça de reposição para Hazard que retornava de lesão exatamente contra o Atlético.
Segundo rumores o PSG teria interesse tanto em Hazard quanto em Oscar. O brasileiro perdeu espaço nesta reta final de temporada, sendo cotado para ser negociado com os franceses. Após os eventos posteriores a eliminação da CL, não será estranho se o Chelsea resolver se livrar de Hazard. Oscar tem um perfil mais discreto, pouco arredio e poderia manter seu espaço no elenco blue.
Muitos subentendem que o dinheiro adquirido com a venda seja de um, seja de outro, aos franceses, seria utilizado pelos blues na aquisição de Diego Costa. Mandzukić, desvalorizado no Bayern interessa aos blues. O croata perderá espaço em Munique, devido a chegada de Lewandowski, podendo ir para Londres a um bom preço.
Os “caciques” e os camisas 9.
Dos “caciques” do elenco blue, Terry (33 anos) possivelmente ainda tenha uma sobrevida mesmo com idade avançada. O também veterano Cech, (31 anos) cuja temporada acabou antes da hora com uma lesão no ombro, com certeza se conformará com uma menor visibilidade, ao menos no início da nova temporada. Courtois voltará de empréstimo do Atlético de Madrid. Lampard (35 anos), dos “caciques” o atleta exemplar e mais velho, tem seu contrato estendido por 1 ano, no começo desta temporada, se findando.
Matic, recomprado pelo Chelsea junto ao Benfica na última janela de inverno, foi titular absoluto na Premier League, pois estava inscrito na CL pelo clube lusitano; deverá ser o provável substituto de Lampard. Os “camisas 9” Eto’o, Torres e Demba Ba com certeza serão negociados, sendo que o “special one” reclamou da falta de opção no setor durante toda a temporada.
Para o setor ofensivo, vale lembrar que Victor Moses e Lukaku, devem voltar de seus respectivos empréstimos. Dos dois, apenas Lukaku, titular da seleção belga, pode brigar por uma posição como atacante de área. Moses atua pelos lados do campo.
A próxima temporada marca os 10 anos da primeira temporada de Mourinho no Chelsea, sendo que o clube completa 110 anos em 2015. E agora, José?
