Champions League 2012/2013, segundo dia. O dia em que Oscar enfrentou a vecchia signora deu ‘uma volta’ no senhor futebol Andrea Pirlo.

Tivemos ontem o jogo mais aguardado da rodada de quarta feira da fase de grupos da atual edição da Champions League, o atual campeão Chelsea recebendo a Juventus em Stamford Bridge pelo grupo E.

Apesar de vir bem na Premier League (ainda é líder) os blues deixaram uma impressão duvidosa após serem atropelados por 4x1pelo Atlético de Madrid na final da Supercopa da Europa. A bicampeã Juventus retornou a CL depois de duas temporadas ausente. Em linhas gerais tivemos uma partida tipicamente italiana, decidida em detalhes.

Como apontou o perfil dedicado ao Chelsea publicado pela revista da ESPN de setembro no guia da CL, Roman Abramovich estaria vislumbrando uma renovação de cunho vistoso no sentido futebolístico. Tenta-se aproximar o estilo de jogo do Chelsea ao futebol por exemplo do Barcelona, guardadas as devidas proporções.

Aqui não está em jogo a grandeza nem de um e nem de outro e sim única e exclusivamente a maneira de jogar. A proposta é claro, justifica a aquisição de Éden Hazard e principalmente do brasileiro Oscar.

Se voltarmos no tempo, o ‘DNA’ blue desde a aquisição do clube por Abramovich em 2003 aponta para raízes italianas. Desde pouco antes inclusive, quando o italiano Gianfranco Zola atuou no clube e sem ser exatamente um ídolo maior na azzurra foi condecorado oficial da Ordem Britânica por serviços prestados ao futebol.

Zola jogou no Chelsea de 1996 a 2003. Quem comandava o Chelsea (e Zola) quando Abramovich comprou o clube era o ‘normalizador’ Cláudio Ranieri também italiano, que trabalhou em Stamford Bridge entre 2000 e 2004. A disposição ‘defensivista’ que já havia no time se moldou naturalmente a forma como José Mourinho trabalhava, chegando em Stamford Bridge exatamente para o lugar deixado por Ranieri.

O Chelsea venceu a última CL sob comando de Roberto Di Matteo italiano, ex-volante que serviu o próprio Chelsea num passado não tão distante.

Afora problemas de condicionamento físico, casos de Juan Mata ou Raul Meirelles que nem esteve em campo, o Chelsea segue não muito diferente da última temporada. Terry finalmente livre do gancho decorrente da expulsão contra o Barcelona na semifinal da CL passada comanda a defesa que se posta numa linha de três quando Ashley Cole avança.

A linha defensiva teve Ivanovic, David Luiz, Terry e Cole. A dupla Mikel/Ramires tem re-encarnado bem os cãs de guarda Makelelé/Essien cuja dinastia se encerrou, com o diferencial de que Ramires tem se deslocado mais pelo lado externo direito. Do meio para a frente começam as novidades. Lampard pelo centro tem Oscar e Hazard com o belga mais pela esquerda.

Trata-se de um 4-2-3-1 onde Fernando Torres fica sozinho a frente como homem referência. Ou numa disposição em que detenha a posse de bola, um 3-4-3 como citei pouco antes com Cole avançando pela esquerda; e no campo ofensivo demandando Hazard abrir pelo lado esquerdo e Ramires chegar pelo lado direito com Torres pelo centro. Os (no Brasil) criticados avanços de Ramires pela direita lembram a movimentação de Gattuso dos bons tempos ainda no Milan.

Vale lembrar que quem treinava o Chelsea em 2010 quando Ramires chegou era Carlo Ancelotti, o inventor da dupla Gattuso/Pirlo no Milan. Há novas possibilidades de variações mas todas ainda longe de serem parecidas com o Barcelona.

Sim Oscar roubou a cena. Levou sorte no primeiro gol, em cujo chute a bola desviou no zagueiro Bonucci. E realmente mostrou uma virtude atípica de Neymares, Robinhos, etc no segundo, recebendo pelo centro na entrada da área adversária e livrando-se de…Andrea Pirlo, para finalizar de maneira inquestionável.

A Juve em seu jogo pragmático típico chegou ao primeiro gol ainda no primeiro tempo, cinco minutos após Oscar anotar o segundo do Chelsea. O chileno Vidal finalizou e a bola foi no canto direito de Petr Cech. O segundo tempo seguiu sugerindo equilíbrio e um jeito italiano de ‘não matar o jogo quando deveria’ por parte do Chelsea. Aos 35 min, Fabio Quagliarella (que havia entrado a pouco) fica livre e sem impedimento pela esquerda, tocando por baixo das pernas de Cech. Final Chelsea 2×2 Juventus.

Oscar tem virtudes se comparado a outros ‘gênios’ brasileiros. 1) parece não sentir o peso da camisa. 2) finaliza ao invés de tentar o drible. No grupo E, Chelsea e Juve se vêem em segundo lugar pois o Shaktar Donetsk bateu o Nordsjaelland por 2×0. Os ucranianos lideram.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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