EURO 2012: Em baixa.

A EURO se encerrou com a vitória maiúscula da Espanha por 4×0 em cima da Itália, vamos a alguns destaques negativos.

Alemanha: tricampeã da EURO que chegou favorita a edição de 2012 mas foi eliminada na semifinal. Até a partida da semifinal contra a Itália a Alemanha fez tudo como deveria ter sido feito. E contra a própria Itália não fez nada de errado a não ser a de ter ficado na condição de perdedora, pois o futebol é um jogo e um perdedor precisa se definir.

Os alemães não se omitiram do jogo e viram Balotelli sendo mais decisivo e efetivo do que Mario Gómez; que por sua vez já deveria ter sido decisivo na final da última Champions League jogando pelo FC Bayern. Os alemães se auto-valorizam de forma exemplar e não rasgarão de forma passional todo o projeto que vem sendo conduzido desde o Mundial de 2006. A sina de ‘bom perdedor’ porém já começa a incomodar…

Steven Gerrard: meia inglês, capitão do English Team. O cidadão acima de qualquer suspeita, Steven Gerrard recebeu a braçadeira de capitão e protagonizou belos lances como o cruzamento que culminou no gol de Carroll na partida contra a Suécia na primeira fase. Aos 32 anos Gerrard diz que não quer se aposentar do English Team.

Porém o crepúsculo já é visível em seu horizonte que também persegue um título da Premier League pelo Liverpool. Gerrard compõe uma geração da qual já se esperava muito no Mundial de 2006. Foi possível ver uma renovação mínima no trabalho abandonado pelo técnico Fabio Capello em fevereiro último.

Mas mesmo que Gerrard ainda ostente a braçadeira (que já causou tantos problemas no braço de John Terry) em 2014, não da pra afirmar que a Inglaterra chegará ao Brasil como favorita.

Samir Nasri: jogador/celebridade francês que disse bobagem para imprensa e teve um dedo do companheiro Malouda apontado na cara. A França do técnico Laurent Blanc surpreendeu a todos que acompanhavam os amistosos de preparação para a EURO. Um time jovem, dotado de marcação forte e saída de bola envolvente nos avanços em contra-ataque.

Não era um time pronto mas eram bleus promissores. Porém os mesmos problemas que impediram a França de avançar a fase de grupos no Mundial de 2010 começaram a se manifestar após a derrota para a Suécia no último jogo da primeira fase desta EURO. Os diagnósticos poderiam ser dois. 1) falta de um líder algo que não se vê desde a retirada de Zidane em 2006.

2) superpopulação de jogadores/celebridade do qual Nasri é o ‘espécime’ mais arisco. Em termos técnico e tático não há problemas na seleção da França onde o mal realmente parece psicológico. Talvez por não ser psicólogo, Laurent Blanc já tenha se demitido…

Daniele De Rossi: meia italiano, deslocado para a linha defensiva nas primeiras partidas da Itália pela primeira fase. Aos 28 anos De Rossi fora um meia promissor, tido pelo editor deste blog enquanto um dos melhores do mundo em sua posição.

Por outro lado, a sina de De Rossi é bem ingrata, tendo sido o ‘patinho feio’ da campanha tetracampeã do Mundial de 2006, onde acabou suspenso após uma expulsão na primeira fase. Na Roma onde De Rossi herda a condição de ídolo do decrépito Francesco Totti, o meia cansou de perder pênaltis decisivos nos últimos anos e não será na próxima temporada que ele conduzira o giallorossi ao scudetto.

Passar a jogar como defensor central pode ser algo razoável. Lento e pouco operante no meio de campo italiano De Rossi parece personificar o conceito de interregno cunhado por Antonio Gramsci, pensador italiano de linha marxista.

O interregno significa algo que impede uma nova ordem ética/política de surgir. Com mais escândalos de manipulação de resultados e corrupção eclodindo na terra da bota, talvez tenha sido melhor a Itália não ter vencido.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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