A EURO se encerrou com a vitória maiúscula da Espanha por 4×0 em cima da Itália, vamos a alguns destaques positivos.
David Silva: atacante espanhol, decididamente o menos badalado daqueles que compuseram a fúria. Silva foi vistosamente um dos homens de frente mais regulares da última Premier League, sendo que seu clube o Manchester City acabou campeão. A regularidade se repetiu na EURO sobretudo com a ausência de David Villa.
A capacidade de Silva em atuar pelos lados compondo também o meio de campo é o que caracteriza a sua diferença se comparado ao próprio Villa e Fernando Torres. Seu grande momento, sem duvida foi o primeiro gol da vitória espanhola na final.
Em meio a Dzeko, Sergio Aguero, Carlitos Tevez, ao intratável Samir Nasri e ao próprio Mario Balotelli no City, já há rumores de que o Real Madrid estaria interessado em David Silva.
Cesc Fàbregas: meia espanhol, incensado por muita gente com ou sem razão. Fàbregas chegou lesionado e apesar de muito menos celebridade do que Cristiano Ronaldo, alguns esperam dele algo muito grande pelo menos desde a EURO 2008.
No momento Cesc tem apenas 25 anos e ao lado de Xavi e Iniesta é o que mais se qualifica enquanto um ‘camisa 10 clássico’, não que ele atue o tempo todo desta forma. Findada a primeira temporada de Cesc no Barcelona, as seguidas lesões que o afligiam na Premier League, onde a marcação é realmente mais dura, praticamente cessaram.
Ainda assim Fàbregas chegou lesionado a Polônia/Ucrânia e quando esteve em campo executou lances capitais como no belíssimo passe para Iniesta dominar e passar para Jesus Navas fazer o gol solitário da classificação, no último jogo da primeira fase contra a Croácia.
Ou o citado gol de David Silva aos 13 minutos do primeiro tempo da final contra a Itália. Fàbregas invadiu o campo de defesa italiano pelo lado direito a si e cruzou para a finalização de Silva. Ali no lado direito onde ele Fàbregas costuma ver Messi atuando, quando jogam juntos pelo Barcelona.
Durante a EURO descreveram Fàbregas de mil maneiras, como ‘falso centroavante’ ou como ‘alguém que estava fazendo a função de Messi’. Comparação última que o meia espanhol elegantemente rechaçou…
Andrea Pirlo: meia italiano, descrito pelo técnico alemão Joachin Löw enquanto um ‘artista da renascença’. Aos 33 anos, Andrea Pirlo comandou o meio de campo italiano que surpreendentemente chegou a final da EURO. A imagem de Pirlo que fica para a memória com certeza foi a cavadinha na cobrança de pênalti contra a Inglaterra nas quartas de final.
Tentando se renovar, a Itália é a seleção que mais tem dificuldade de fazê-lo e o técnico Cesare Prandelli o faz como pode. Embora tenha feito sua primeira temporada pela Juventus, todos os que acompanharam sua trajetória no Milan pelos últimos dez anos acreditam que Pirlo já merecia ter ganho ao menos uma Bola e Ouro.
Difícil será Prandelli encontrar alguém que preencha a lacuna de Pirlo. É aliás um bom momento para Pirlo se aposentar da azzurra, deixando uma ótima impressão.
Mario Balotelli: atacante ítalo-ganes, o personagem da EURO! Não se pode crucificar a Itália que fez uma campanha surpreendente e teve muitos problemas no decorrer da partida final, todos eles compreensíveis. E nem Balotelli deveria ter carregado sozinho a azzurra naquela ocasião.
No leste europeu Balotelli um afro descendente despachou a toda poderosa seleção alemã e ao fazer o segundo gol, retirou sua camisa e mostrou seu plexo negro para a torcida de Kiev. Se torcedores racistas/xenofóbicos precisavam de uma resposta, Balotelli o fez dentro de campo. Não apenas uma mas duas vezes pois o inesperado porém fantástico gol marcado contra a Irlanda também se imortaliza.
Louva-se a prudência do zagueiro Bonucci que ao comemorar com o atacante, tapou a boca de Balotelli que dizia o ‘indizível’ logo depois de ter anotado o gol contra os irlandeses. Balotelli ainda vai completar 22 anos e poderá ser o símbolo irreverente de uma nova Itália que pode vir a surgir…
Portugal: seleção européia competitiva mas que nunca foi campeã da EURO. Pouco se esperava dos lusitanos mas muito sempre se espera de Cristiano Ronaldo. CR7 não fez chover mas parece ter conduzido a seleção portuguesa fazendo o mínimo que se espera dele. Na EURO CR7 surgiu mais maduro e ciente da importância que tem para seu time.
Onde também jogam Nani, Raul Meirelles, Fabio Coentrão e o ótimo goleiro Rui Patrício. Avançaram num grupo duro onde se via a favoritíssima Alemanha e a decepcionante Holanda que Portugal desclassificou categoricamente com dois gols de CR7!
O estilo de jogo lusitano, um tanto quanto monocromático, baseando-se nos contra-ataques acabou posto ‘na roda’ na semifinal contra a Espanha, perdida nos pênaltis. Mas os lusitanos fizeram sim um bom papel!
Disse um tempo atrás que, jogando longe do gol, Gerrard dificilmente seria decisivo. Mesmo fazendo uma dupla no meio campo com o Parker ele esteve bem. Foi o melhor jogador do time. Os gols mais importantes da Inglaterra saíram do pé dele.
Agora, a maior injustiça foi a inclusão de De Rossi aqui.
Ser deslocado para atuar como um terceiro zagueiro não é algo que o diminui, pelo contrário. Mostra inteligência tática, espírito de equipe e disposição, aliás, o que não faltou foi disposição para De Rossi. Ele foi o cara que mais ajudou Pirlo na saída de bola e o mais combativo no meio-campo (junto com outro cara que me surpreendeu também, Montolivo).
Contra a Alemanha então ele foi um monstro. Até eu que nunca fui muito fã dele reconheço que ele foi muito bem.
Senti falta da seleção da Holanda aqui. Bem como alguns de seus jogadores especialmente Robben (foi previsível e pipoqueiro) e Van Persie (esse entrou em campo com um salto alto de pelo menos 10 cm).