Reforma do Morumbi é uma versão fracionada do assalto do Itaquerão

Ainda que nada se compare ao assalto sórdido que foi a construção do estádio do Corinthians/Odebrecht com o apoio das três esferas de poder, num mau-caratismo apartidário que prova que no Brasil, defender um partido contra o outro é sintoma de ingenuidade ou pilantragem, é preciso lembrar que o Morumbi também se beneficiará do banditismo político.

Mesmo pagando todas as suas despesas (ao menos aparentemente) e ganhando benesses incomparavelmente menores do que o roubo à mão armada do Itaquerão, o São Paulo ganhará uma alteração de lei incompatível com um país sério. Um crime não é menos criminoso se o valor roubado é menor e a cidade mais uma vez está sendo lesada com a alteração de lei que Kassab propõe para favorecer as obras do Morumbi. Leis de zoneamento e ocupação não podem ser alteradas porque o interessado é politicamente bem-relacionado.

O prefeito de São Paulo não sabe a diferença entre ilegalidade, ética e transparência. Doou dinheiro (em forma de títulos públicos) ao Corinthians para ficar bem com a torcida e agora o fará com São Paulo e provavelmente, Palmeiras. Em qualquer país sério, isso daria inquérito. No Brasil, nada parece sério porque nada é sério. Isto é uma vergonha, como diria Boris Casoy.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
Top