60% querem o fim das Organizadas

Todo mundo sabe, todo mundo diz mas o governo tem medo de fazer alguma coisa. Ninguém que não participe das torcidas organizadas é a favor da existência das mesmas ou gosta de sentar perto de uma num estádio. Esse tipo de organização é proibido em todos os países que têm expressão futebolística e um governo decente. É hora de fazer alguma coisa, pois como mostra o Lance! em pesquisa publicada hoje no seu site, no Brasil, também ninguém mais suporta a excrescência.

Quem vai ou já foi a estádios na vida, sabe que na torcida organizada, assim como em qualquer massa sem rosto, seus membros frequentemente têm na mesma a razão de viver. E isso significa ter pouco a perder (ou nada), dada a insignificância da relevância de viver para um grupo de torcedores. Grupo de torcedores? Sim. Uma torcida organizada não está nem aí com o time. O time é uma ferramenta de poder. Quando as coisas vão mal, é hora de angariar poder coagindo dirigentes, jogadores, técnicos. Isso quando não se fala de atividades ilícitas como tráfico de drogas e crime em geral.

A sociedade tem dificuldade para atacar a questão porque todos os membros do governo ou Judiciário que assumem a questão acabam com exposição na mídia e a usam em proveito próprio. O promotor Fernando Capez, expoente dessa categoria, falou durante anos em programas esportivos, mas sua ação foi inócua – a não ser para ele que agora segue carreira política.

Se cerca de 60% dos entrevistados pelo Ibope são a favor da extinção das Organizadas, essas agremiações mantém sabidos links com o crime organizado, agem como contraponto oficioso dentro da política dos clubes, por que o governo não faz nada? Porque, claro, nosso governo é formado pelo tipo de gente que se candidata hoje – vide o malfadado Tiririca, o sintoma de uma sociedade que não se respeita e que prima pela leniência.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
Top