O Fator Flamengo. De novo

O Flamengo tem um elenco muito bom para o nível do futebol brasileiro. Não excelente, nem o melhor, mas muito bom. Tem jogadores razoáveis para todas as posiçõies, tem um atacante que, em forma é o segundo melhor do Brasil (o primeiro ainda é Ronaldo, até meio gordinho, mas não na forma cetácea atual), algumas boas promessas (Jorbison, Vinicius, Bruno Mezenga) e uma torcida que é realmente o maior patrimônio. Mesmo com tudo isso, o cenário é muito mais perto que vermelho.

Meses atrás, falei aqui do “Fator Flamengo”, uma combinação de politicagem, arrogância e destempero que sempre atrapalham o Flamengo quando este está chegando em uma conquista importante. Achei que em 2009, o FF iria impedir o sucesso do clube no BRasileiro. Errei, mas ainda acho que a conquista do Fla veio na esteira da incompetência alheia. O Fla errou menos e foi campeão.

Em 2010, o FF voltou com força total. Adriano tparticipando de 50% dos treinamentos, Petkovic fazendo exigências como se fosse Lionel Messi, Bruno assegurando que bater em mulher é normal e com as eminências pardas e sujas do conselho minando tanto quanto podem a presidência de Patricia Amorim, que certamente é um entrave para a atividade sanguessuga que drena o vermelho da camisa rubro-negra. O resultado é que, acabado o lixo que é o Campeonato Carioca, o Flamengo está dividido, a um passo de ser eliminado na Libertadores, com uma lenda flamenguista e atual técnico campeão brasileiro, Andrade, sendo tratado como se vivesse de favores. O Flamengo é uma nação desintegrada. As inúmeras facções não dão a mínima para o clube. Só se preocupam com seus antros de poder. E isso vale para tudo – desde a política até o campo. É aí que nasce o Fator Flamengo.

No ano passado, disse que um sucesso do Atlético-MG no Brasileiro seria nefasto ao clube. Entendia (e continuo entendendo) que um título que vem muito no começo de um processo de reformulação tende a supervalorizar os méritos e diminuir as carências. Eu também alertei para o risco que isso representava para o Flamengo – legítimo e merecido campeão brasileiro. Não vejo saída para a sinuca rubro-negra que não seja drástica e uma medida drástica requer união, algo que o clube não tem hoje. O torcedor pode esperar porque o pior certamente não é perder um título tosco como o Carioca.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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